Candidatos à presidência recebem manifesto do livro

Os senadores Cristovam Buarque (PDT) e Heloisa Helena (PSol) foram os primeiros candidatos a presidente a receber o Manifesto do Povo do Livro. O manifesto faz um apelo àquele que for governar o Brasil a partir de 2007 para que a questão do livro e da

Dois candidatos a presidente da República, os senadores Cristovam Buarque, do PDT, e Heloisa Helena, do PSol, receberam nesta terça-feira (05/09), em Brasília, o Manifesto do Povo do Livro, um documento assinado por mais de 1.500 escritores, dirigentes e profissionais do livro e da leitura no Brasil. As duas cerimônias aconteceram no Café Literário, dentro da Feira do Livro de Brasília, que ficou lotado de escritores, bibliotecários, livreiros, editores e educadores.


 



Os dois candidatos receberam o documento e se comprometeram a incorporar as questões apresentadas pelas personalidades da área do livro no Brasil em seus programas de governo e, sobretudo, a implementá-las caso sejam eleitos. Cristovam esteve pela manhã no local e Heloisa Helena no início da tarde. Os dois percorreram a feira, foram reconhecidos e conversaram com leitores e deram autógrafos.
O escritor e cartunista Ziraldo, que falou em nome dos escritores, destacou a importância da leitura na Educação e fez uma veemente defesa do papel da leitura para o desenvolvimento do país e da cidadania. O presidente da Camara Brasileira do Livro (CBL), Oswaldo Siciliano, disse que começa a haver uma pressão cada vez maior por parte da sociedade para que o livro e a leitura sejam incluídos na agenda nacional de temas importantes. O diretor da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) no Brasil, Daniel González, enfatizou a necessidade do fortalecimento dessa política pública que é o mais forte elo entre Educação e Cultura.
Mais de 1.500 personalidades – desde escritores como Fernando Morais, Frei Betto, Luiz Rufatto e os acadêmicos Moacyr Scliar, Nélida Piñon, Carlos Nejar e Arnaldo Niskier a educadores como Tânia Rosing e Guiomar Namo de Mello e personalidades como o ator Paulo Betti, o jurista Goffredo da Silva Telles Júnior e a vice-presidente da Fundação Victor Civita, Cláudia Costin – assinaram o manifesto. Entre as dezenas de entidades que apóiam a iniciativa estão a Associação Nacional dos Editores de Revistas (Aner), a União dos Dirigentes Municipais de Ensino (Undime), a União Brasileira de Estudantes (UNE) e a União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes).


 



A campanha para fazer o livro e a leitura terem maior espaço nas ações governamentais reúne todas as principais lideranças nacionais e regionais do livro no Brasil. União Brasileira de Escritores, Câmara Brasileira do Livro, Sindicato Nacional de Editores de Livros, Associação Brasileira de Editores de Livros (Abrelivros), Liga Brasileira de Editores (Libre), Associação Nacional de Livrarias, a Associação Brasileira de Autores de Livros Educativos (Abrale), e Associação dos Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil (AEI-LIJ) e o Conselho Regional de Biblioteconomia são algumas das entidades participantes.


 



A campanha é coordenada pelo Escritório da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), organismo internacional que propôs aos presidentes dos países da região ibero-americana uma ação mais forte na área como forma de promover o desenvolvimento social e econômico na região. A campanha vai continuar até a posse do novo presidente, inclusive com a publicação de anúncios em jornais e revistas e debates em diversas regiões do país.


 


 


O manifesto


 



O manifesto faz um apelo àquele que for governar o Brasil a partir de 2007 para que a questão do livro e da leitura no país passe a ter o tratamento de política de Estado e seja incluída entre as prioridades nacionais como forma de obter o desenvolvimento econômico e social. A prática da leitura e da escrita, diz o documento, deve ser vista como “estratégia de enfrentamento do drama da fome, da pobreza, da ignorância e da violência urbana para colocar o Brasil (…) no rumo do desenvolvimento, da justiça social e da solidariedade”.


 



O documento faz referência aos avanços que houve na área nos últimos anos em diferentes governos, mas chama a atenção para a necessidade de o próximo presidente aprofundar as ações – dotando a área de estrutura de gestão e orçamentos compatíveis – e sobre a situação da leitura no país. Ele lembra, por exemplo, que só um em cada quatro brasileiros consegue ler textos mais complexos – como o livro e reportagens nos jornais e revistas – por causa do analfabetismo e do analfabetismo funcional.


 



Ainda de acordo com o texto, as crianças do país têm ocupado os últimos lugares nos estudos internacionais sobre compreensão leitora, colaborando para estancar o índice nacional de leitura em menos de 2 livros lidos por habitante/ano. As saídas para enfrentar essa realidade adversa foram debatidas por 40 mil lideranças durante as comemorações no Brasil do Ano Ibero-americano da Leitura, o Vivaleitura, celebrado em 2005 em 21 países.


 



Lançamento de Caderno


 



Além do Manifesto do Povo do Livro, Cristovam Buarque e Heloisa Helena também receberam o caderno Políticas Públicas do Livro e Leitura, que está sendo lançado pela OEI em parceria com a Cultura Acadêmica. Organizado por Galeno Amorim e com prefácio do diretor da OEI no Brasil, Daniel González, a publicação traz textos assinados por personalidades ligadas aos principais candidatos à Presidência. Chico Alencar (PSol), Cristovam Buarque (PDT), Glauber Piva/Hamilton Pereira (PT) e Maria Helena Guimarães Castro (PSDB) são os co-autores da obra. Na introdução, o secretário-executivo do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), José Castilho Marques Neto, faz uma análise sobre 2005 como marco para o início das mudanças que estão em andamento na área.


 



Os próximos encontros serão os com os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB). Para assinar o Manifesto do Povo do Livro, basta acessar www.oei.org.br/manifesto.htm