Grito dos Excluídos deve reunir 1,5 milhão; veja programação

Reunindo movimentos populares e setores progressistas da Igreja Católica desde 1995, o Grito dos Excluídos defende a participação popular nas decisões dos governos. Neste ano, a pauta destaca o tema da autonomia em relação ao poder público. “Os movimentos populares não darão apoio incondicional ao governo Lula no segundo mandato”, afirma Luiz Bassegio, um dos coordenadores do Grito dos Excluídos.

 

De acordo com um polêmico documento emitido pela Secretaria Nacional do Grito dos Excluídos, o primeiro governo petista causou um “aborto” no projeto de poder popular para o Brasil, análogo ao que foi o golpe militar de 1964. “Quando a crise bate à porta, é preciso nutrir e redobrar nossas forças, daí a importância de voltar às fontes de nossas motivações”, diz a nota, ressaltando o descontentamento das pastorais e dos movimentos populares.

 

Mais ponderado, o presidente da Cáritas Brasileira, bispo dom Demétrio Valentini, afirma que os partidos políticos precisam se dar conta de que não são os únicos que falam em nome da cidadania. “Se queremos apostar num Brasil com futuro, temos que fortalecer as articulações populares”, diz ele, reforçando a tese de autonomia das pastorais e da ala progressista da Igreja.

 

O primeiro tesoureiro da CUT Nacional, Antonio Carlos Spis, destaca a importância de os movimentos populares e sindical participar ativamente das manifestações. “Esse é o momento de dar voz para os setores excluídos da sociedade, para os sem-teto, os sem-terra”, conclama. “Será um momento importante, também, para denunciar as privatizações fraudulentas ocorridas no governo FHC e exigir que a Assembléia Legislativa de São Paulo instale as CPIs que estão engavetadas por ordem do ex-governador”.

 

História
O nome “Grito dos Excluídos” se contrapõe ao famoso “grito da independência” brasileiro, avaliado como falso e mantenedor do “status quo” das elites econômicas nacionais. Portanto, o grito dos excluídos é um “grito dos empobrecidos, dos indefesos, dos pequenos, dos sem vez e sem voz”, segundo sua Secretaria Nacional. Além da democracia direta e participativa, consta entre as pautas do Grito dos Excluídos a participação na campanha nacional pela reestatização da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD).

 

O principal ato vai ser um grande abaixo-assinado lançado no dia 7 de setembro. Em dezembro do ano passado, a Justiça Federal anulou a decisão judicial anterior sobre o leilão da CVRD e reabriu o caso, o que permite sua revisão. A juíza Selene Maria de Almeida, responsável pelo caso, afirma que as privatizações ocorreram a preços baixos e os seus compradores foram financiados com dinheiro público.

 

Acusado pela Justiça de subvalorizar a Vale do Rio Doce na época de sua venda, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso permitiu que a empresa divulgasse, no edital de privatização de 1997, que suas reservas de minério de ferro em Minas Gerais somavam 1,4 bilhão de toneladas. Dois anos antes a própria Vale divulgou suas reservas em 7,9 bilhões de toneladas, segundo a Securities and Exchange Comission, entidade que fiscaliza o mercado acionário nos EUA.

 

Confira algumas das atividades programadas

 

Aracaju/SE
As atividades tiveram início dia 5 com a realização do encontro preparatório do Grito dos Excluídos e da Assembléia Estadual Popular. Em debate, a construção de um projeto popular e soberano para o Brasil, as privatizações neoliberais e a luta pela anulação do leilão da Companhia Vale do Rio Doce.

 

Araraquara/SP
O Grito acontece no dia 7, com concentração a partir das 9 horas, na Praça Santa Cruz com caminhada até o Parque Infantil, ato ecumênico, atividades culturais e encerramento.

 

Belo Horizonte/MG
A concentração acontece na Praça da Rodoviária, às 9 horas, com shows culturais. Em seguida, os participantes farão uma caminhada pela avenida Santos Dumont, chegando na Praça da Estação, às 12 horas, onde também terá uma programação artística.

 

Curitiba/PR
Houve ato, no dia 6, em frente ao Bradesco do centro, pela anulação do leilão da Vale do Rio Doce. Dia 7, concentração às 10 horas ao lado da Prefeitura Municipal
Eixos: anulação do leilão da Vale / mudança na política econômica / democracia direta / combate à corrupção

 

Cuiabá e Várzea Grande/MT
O Grito iniciou suas atividades no dia 28/8 com evento exigindo a anulação do leilão da Vale do Rio Doce; no dia 1, aconteceu a abertura da semana com evento ecumênico na Paróquia São João Bosco; dia 7, concentração na Praça da República, às 7 horas, caminhada e ato ecumênico.

 

Goiânia/GO
O Grito irá focar o tema da Reforma Agrária e Urbana. Os manifestantes se concentram a partir das 9 horas em frente ao Parque Agropecuário de Goiânia, seguindo em caminhada até o Incra. Um documento com reivindicações e propostas será entregue ao Ministério Público. Há, ainda, a proposta de criação de um Fórum Permanente de entidades para manter a caminhada durante o ano.

 

João Pessoa/PB
Concentração às 8 horas atrás do Cassino da Lagoa, centro.

 

Macapá/AP
Com o tema: “Brasil: na força da indignação, sementes de transformação”, os manifestantes fazem concentração em frente à igreja Cristo Bom Pastor (Congós) de onde partem em caminhada até a quadra da igreja Sagrado Coração de Jesus (Buritizal).

 

Maceió/AL
O Grito em Maceió começou dia 31 com abertura oficial da Semana da Pátria; no dia 1º aconteceu o lançamento do livro Desenvolvimento Solidário e Sustentável. Neste dia 7 o Grito será comemorado com missa e caminhada a  partir das 7 horas, na Paróquia de São José (Trapiche da Barra) em direção ao Dique Estrada.

 

Mossoró/RN
Durante toda a semana está ocorrendo panfletagem nas escolas e culmina com ato dia 7.

 

Natal/RN
O evento aconteceu nesta quarta-feira, dia 6, na Arquidiocese de Natal com caminhada do Bairro de Mãe Luiza até o centro da cidade. Celebração eucarística e plantio de duas árvores que irão simbolizar os dois profetas do bairro de Mãe Luiza (Pe. João Maria e Pe. Sabino).

 

Salvador/BA
Concentração em frente ao Centro Pastoral das Dorotéias (Av. Leovigildo Filgueiras, Garcia).

 

Blumenau/SC
Participação no desfile oficial dia 7, tendo como principais eixos: A indignação contra o império do mal: guerras, transnacionais e suas ferramentas de dominação mundial, não à militarização; A indignação contra os desgovernos: contra as privatizações, luta pela anulação do leilão da Vale do rio Doce entre outros temas.
 

Caçador/SC
Panfletagem dia 7, a partir das 7 horas, que trata de vários temas como a das eleições 2006.

 

Concórdia/SC
Desfile dia 7, a partir das 8 horas. Bloco formado por 132 componentes, com participação de entidades como Sintrial, SEC, Municipários, SINPAF, STR, Sintracom, aposentados, APLER. Os eixos são os especificados pelo Grito Nacional e a CUT, destacando a questão da saúde do trabalhador (Projeto Vida Viva).

 

Criciúma/SC
Participação no desfile oficial dia 7, às 8 horas, na Avenida Centenário. Desfile com faixas, destacando os eixos da campanha geral do Grito.

 

Florianópolis/SC
Dia 5 ocorreu panfletagem convocando a população para o Grito dos Excluídos; no dia 6, houve manifestação pela anulação do leilão da Vale do Rio Doce; e dia 7, a partir das 6h30, em frente ao Direto do Campo, no Centro, concentração dos participantes do Grito com panfletagem e abaixo-assinado.

 

Joinville/SC

Participação no desfile oficial; concentração, às 9 horas, em frente ao Supermercado BIG na Avenida Beira Rio. As principais reivindicações: qualidade na saúde pública (postos e hospitais), e melhor atendimento aos pacientes; urgente aprovação da aposentadoria das donas-de-casa; garantia das aposentadorias especiais nas áreas insalubres; contra o trabalho infantil; educação pública de qualidade para crianças, jovens e adultos.

 

São Miguel do Oeste/SC
Desfile dia 7, a partir das 9 horas. Participam do bloco igreja, movimento sindical cutista, agricultura familiar, sindicato do transporte coletivo, sindicato da rede particular de ensino, associação dos coletores de recicláveis, juventude e via campesina.

 

Tubarão/SC
Participação no desfile oficial, a partir das 10 horas. Estão inseridos os movimentos sociais, associações e os centros comunitários, DCE, movimento sindical, e movimentos religiosos. Além do desfile estão programadas panfletagens.

 

Xanxerê/SC
Participação no desfile oficial no dia 7, entre 10h30 e 11 horas. Organizado pelo Coletivo sindical Cutista, ONG Bem Viver e pastorais sociais. Os temas tratam sobre corrupção, não trabalho aos domingos e feriados, agricultura, avanços no governo Lula, desemprego, luta por melhores condições de vida, saúde pública e gratuita, educação, entre outros.

 

Porto Alegre/RS
Concentração no Largo Glênio Peres (Centro de PoA), com caminhada rumo ao desfile oficial.

 

Porto Velho/RO
Concentração na Igreja Santa Clara e encerrando na Escola Marcelo Cândia, do Bairro Marcos Freire; celebração ecumênica, e plantio de 12 árvores durante as paradas da caminhada.

 

Rio de Janeiro/RJ
Concentração às 9 horas em frente à sede da CUT (Av. Presidente Vargas, 502) saindo com ato até a estátua de Zumbi dos Palmares; ato pela anulação do leilão da Vale do Rio Doce.

 

São Luiz/MA
Diversas atividades foram programadas durante a semana, terminando com  ato dia 7 no Largo de São Pedro.

 

São Paulo/SP
Ato no museu do Ipiranga, com participação de movimentos populares e sindicais, exigindo a anulação do leilão da Vale e pela abertura das 69 CPIs que investigam o governo Geraldo Alckmin e estão arquivadas na Assembléia Legislativa.