Raúl Castro assume Presidência do Noal com críticas aos EUA

O presidente interino de Cuba e anfitrião da 14ª Cúpula dos Não-Alinhados (Noal), Raúl Castro, fez nesta sexta-feira (15/9) duras críticas aos Estados Unidos e ao modelo neoliberal, durante o discurso de abertura da reunião.

Raúl Castro assumiu nesta sexta-feira a Presidência da Cúpula do Noal, que conta com a presença de cerca de 50 chefes de Estado e de Governo e representantes de 116 nações.



O ministro das Forças Armadas de Cuba fez duras críticas à política imperialista de Washington e ao modelo neoliberal, e pediu a união dos membros do Noal durante um discurso de menos de meia hora, no qual aludiu em vários momentos a seu irmão Fidel Castro.



“Todos queríamos que estas palavras inaugurais fossem pronunciadas pelo presidente Fidel Castro”, disse Raúl Castro, que afirmou que, “em meio à sua paulatina e satisfatória recuperação”, o líder cubano “se mantinha atento a cada detalhe dos preparativos da reunião”.



“Representamos quase dois terços da ONU, mas não exercemos a força decisiva que poderíamos exercer nas relações internacionais”, disse.



“A atual conjuntura internacional, caracterizada pelas irracionais pretensões de domínio mundial por parte da única superpotência global, com a cumplicidade de seus aliados, demonstra a necessidade de estarmos cada vez mais coesos na defesa dos princípios e propósitos que determinaram a fundação do Noal”, acrescentou.



Denúncia
Raúl Castro denunciou os atos de agressão contra vários dos Estados-membros do Noal, motivados pelo “apetite de recursos estratégicos” que afetou a paz e a segurança internacionais, com a aplicação de doutrinas baseadas na guerra preventiva, “tomando como pretexto o combate ao terrorismo, a promoção da democracia ou a existência de estados vilões”.



“O risco de agressões e de guerras de conquista imperial é maior do que nunca”, advertiu. Castro condenou o “recrudescimento da agressão contra o povo palestino”, e a agressão ao Líbano, que “é outro exemplo da política de ´dois pesos e duas medidas´ que impera nas relações internacionais”.



“Todos sabemos quem sustenta econômica e militarmente o Governo de Israel”, denunciou, sem citar diretamente os EUA. “Sabemos também quem são os cúmplices”, acrescentou. Raúl Castro defendeu ainda o uso pacífico da energia nuclear, e pediu ao Movimento que rejeite “a perigosa doutrina americana do emprego preventivo de armas nucleares”.



“Denunciemos a hipocrisia do governo dos Estados Unidos, que enquanto apóia Israel na ampliação de seu arsenal nuclear, ameaça o Irã para impedir-lhe de utilizar pacificamente a energia nuclear”, disse.



“A unidade e a solidariedade, e a marcha unida em defesa de nossos objetivos e interesses comuns são as únicas alternativas diante dos enormes perigos e desafios que temos pela frente”, afirmou.



“Unamo-nos para exigir nosso direito ao desenvolvimento, à vida e ao futuro”, concluiu.