NYT: “Fantasmas da corrupção presentes no Capitólio”

“Fantasmas da corrupção presentes” no Congresso dos Estados Unidos, proclamou em editorial a edição de hoje do influente diário The New York Times. O texto trata do caso do congressista Robert Ney, republicano  de Ohio, e das manobras de out

Líderes da Câmara de Representantes prometeram por fim à “névoa” e às “sombras”, com uma mudança cosmética nesse relacionamento — o lobby é legal nos EUA –, o que não eliminaria os milhões de dólares que correm pelo Capitólio em troca de favores legislativos.



Para o NYT, “negativa desonrosa”



Porém os fantasmas políticos de Ney, e Tom DeLay, ex-líder da maioria na Câmara, devem assediar o Congresso, em especial o Partido Republicano, devido ao que o jornal chama “negativa desonrosa” em acabar com a indústria do lobby.
Na semana passada, Ney chegou a um acordo com o Departamento de Justiça: reconheceu ser culpado de uma acusação de conspiração e outra de falso testemunho, no escândalo do ex-lobbista Jack Abramoff.



Em meados do ano, Ney anunciou que não se candidataria à reeleição nas urnas de novembro próximo. A decisão foi tomada sob pressão do Partido Republicano, cuja cúpula temia perder a cadeira, devido à imagem maculada do deputado.



Ney converteu-se assim na primeira figura do Parlamento a admitir seus vínculos com Abramoff, que em janeiro passado — também através de um acordo com a promotoria — declarou-se culpado de duas das seis acusações de corrupção feitas contra ele: ele admitiu fraude e evasão de impostos.



O acordo incluiu também que o acusado cooperaria com a justiça em qualquer investigação federal em torno dos parlamentares beneficiados por seus favores. A manobra assustou a Ney, mas não só a ele. Célebre por seus contatos com líderes republicanos, o lobbista admitiu ter participado de um caso de fraude e corrupção, durante a compra de Casinos SunCruz, em 2000.



Cassinos, índios, golfe na Escócia…



O escândalo veio à luz há quase quatro anos: soube-se que o ex-lobbista e seu sócio, Michael Scanlon, cobraram US$ 80 milhões de comunidades indígenas para viabilizar no Congresso projetos favoráveis às casas de jogo. A promoção incluiu a oferta de presentes, favores e viagens pagas. Entre estas, destacou-se uma excursão para jogar golfe na Escócia, desfrutada por vários congressistas e assessores que trabalhavam em projetos de lei sobre cassinos.



Uma das acusações contra Abramoff envolve a compra de uma frota de barcos-cassinos na Flórida, que teve a documentação de financiamento falsificada. Outro sócio do lobbista, Michael Scanlon, em outubro de 2005 declarou-se culpado e aceitou colaborar com a investigação, também em troca de uma pena reduzida, o que encurralou seu ex-comparsa.



DeLay foi obrigado a renunciar à sua cadeira na Câmara devido às acusações de lavagem de dinheiro que enfrenta em seu estado, o Texas. Durante as apurações, soube-se que Abramoff, em troca de favores, passou US$ 50 mil para a esposa do ex-parlamentar, através de uma organização de caridade.