Rei nomeia líder golpista chefe do conselho provisório de Governo

O rei da Tailândia, Bhumibol Adulyadej, aprovou hoje a nomeação do general Sondhi Boonyaratglin como máximo chefe do conselho provisório de governo do país. O general liderou o golpe de Estado que destituiu o primeiro-ministro, Thaksin Shinawatra, na últi

A nomeação foi comunicada à nação através de uma mensagem oficial emitida pela televisão, quase 24 horas depois que soldados e carros de combate cercaram a sede do governo em Bangcoc para dar o golpe de Estado.


 


“Com o propósito de fomentar a paz no país, o rei nomeou o general Sondhi Boonyaratglin chefe do Conselho Administrativo para a Reforma”, anunciou a mensagem do rei.


 


Governo interino em duas semanas


 


O militar e um grupo de chefes das Forças Armadas cercaram a sede do governo, declararam a lei marcial, anularam a Constituição e dissolveram o Parlamento, o Governo e o Tribunal Constitucional. O rei da Tailândia, de 78 anos, continua sendo o homem com maior poder e influência do país, apesar de seu delicado estado de saúde.


 


Nas primeiras declarações à imprensa, o general Sondhi Boonyaratglin, chefe do Exército e líder do golpe, revelou que serão levados perante a justiça os que cometeram “ilegalidades” durante o governo do primeiro-ministro derrubado Thaksin Shinawatra.


 


Os golpistas acusaram Shinawatra de corrupção e de deslealdade para com a Coroa. O general Sondhi Boonyaratglin referiu também, em conferência de imprensa em Bangcoc, que num espaço de duas semanas será nomeado um governo interino. Este governo, segundo a agência de notícias espanhola Efe, poderá ser encabeçado por Pridiyathorn Devakula, governador do Banco Nacional da Tailândia.


 


País marcado por golpes


 


O líder golpista afirmou que o primeiro-ministro deposto, que se encontrava em Nova York no momento do golpe de Estado, pode regressar à Tailândia, mas advertiu que será submetido a uma investigação para saber se cometeu delitos.


 


Desde que a monarquia constitucional foi instaurada na Tailândia, em 1932, a vida política do antigo Reino de Sião foi marcada por vários golpes de Estado, o último deles cometido na terça-feira pelo Exército e que levou à deposição do primeiro-ministro, Thaksin Shinawatra.


 


Críticas e preocupações


 


O golpe de Estado na Tailândia foi recebido com críticas e preocupação pelos países ocidentais. A União Européia (UE) condenou o golpe e disse que o poder fosse devolvido ao primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, derrubado por militares nesta terça-feira.


 


O primeiro-ministro da Finlândia, país que ocupa a presidência rotativa da UE, Matti Vanhanen, disse ser “lamentável que as instituições democráticas parecem ter sido tomadas pela força militar”.


 


O primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, segundo seu porta-voz oficial, “deseja ver o retorno da democracia tão logo quanto for possível. Há eleições programadas para outubro e novembro e, obviamente, estamos tentando averiguar se esse pleito sairá adiante ou não”, disse o porta-voz.


 


O primeiro-ministro da Malásia, país que preside a associação dos países do Sudeste da Ásia (ASEAN, na sigla em inglês), Abdullah Ahmad Badawi, disse que estava “chocado” e pediu que a democracia fosse restaurada o mais rápido possível.


 


“Não esperava que isso acontecesse na Tailândia”, afirmou Badawi a uma agência malaia, se referindo à tomada de poder pelos militares que derrubaram o primeiro-ministro Thaksin Shinawatra.


 


O primeiro-ministro da Austrália, o conservador John Howard, se disse “decepcionado” com o golpe.


 


Em nota divulgada hoje, a Austrália pediu “o retorno à regra democrática dentro do mais rápido possível, para garantir que a Tailândia retome seu lugar como uma das principais nações democráticas na região”.


 


O ministro do Exterior japonês, Taro Aso, disse em comunicado que “o Japão espera que a situação retorne ao normal em breve, e o regime político democrático seja restaurado”.


 


Enfatizando que ainda não tinha detalhes sobre o golpe, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, disse que o golpe “não é uma prática a ser encorajada”.


 


“Como organização, nós sempre apoiamos mudanças governamentais através de meios democráticos, através das urnas.”


 


Já os Estados Unidos disseram “monitorar” a situação “com preocupação”. “Continuamos esperando que o povo tailandês resolva suas diferenças políticas de acordo com os princípios democráticos e a Estado de Direito”, afirmou um comunicado oficial americano.


Golpes de Estado e principais fatos históricos do país:


1932.- O advogado Pridi Banomyong aproveita a ausência do Rei e lidera um golpe de Estado militar que acaba com a monarquia absoluta e estabelece uma constitucional, em 24 de junho.


1939.- O Sião adota o nome de Tailândia.


1944.- Constituído um Governo civil.


1945.- O rei exilado Ananda retorna a Tailândia e é assassinado um ano depois.


1947.- Em 8 de novembro, um golpe de Estado leva os militares ao trono com o marechal Pibun Songkram à frente.


1948.- Songkram é afastado do poder durante um breve intervalo de tempo.


1949.- Uma nova Constituição estabelece duas câmaras legislativas escolhidas por voto universal.


1951.- Songkram é colocado em liberdade após ser seqüestrado por rebeldes da Marinha. Em 29 de novembro, Songkram se mantém no poder após um golpe de Estado dirigido principalmente contra o Parlamento.


1957.- Em 16 de setembro, o Governo de Songkram é derrubado por um golpe de Estado liderado pelo comandante Sarit Thanarat.


1958.- É formado um Governo de coalizão no qual o primeiro-ministro é o tenente-general Thanom Kittikachorn. Em 20 de outubro, há um golpe de Estado liderado por Thanarat.


1959.- Sarit Thanarat proclama uma nova Constituição.


1963.- Sarit morre e é sucedido pelo marechal Thanom.


1968.- Proclamada a oitava Constituição desde 1932.


1971.- Novo golpe de Estado dirigido pelo general Thanom, que aboliu a Constituição e dissolveu o Parlamento.


1972.- Outra Constituição concede a Thanom poderes absolutos e estabelece que 200 entre as 299 cadeiras que formam o Parlamento sejam ocupadas por membros das Forças Armadas e da Polícia.


1973.- Thanom cai e Sanya Dharmasakti é designado chefe de Governo. Os Estados Unidos fecham suas bases.


1976.- O retorno do general Thanom, que tinha sido exilado em Cingapura, provoca conflitos violentos. Os militares novamente tomam o controle do país, liderados pelo almirante Sangad Chaloryu, e nomeiam um civil como primeiro-ministro, Thanin Kraivichien.


1977.- Golpe de Estado frustrado contra o Executivo de Thanin acaba com a morte de alguns comandantes militares. Em outubro, o general Kriangsak Chomanam depõe o primeiro-ministro e o substitui no poder.


1980.- Kriangsak renuncia. O general Prem Tinsulanonda o sucede e dirige o país durante oito anos, através de uma série de Governos de coalizão. Resiste a duas tentativas golpistas, em abril de 1981 e setembro de 1985.


1988.- Após as eleições de julho, Chatichai Choonhavan assume o poder.


1991.- Em fevereiro, o general Suchinda Kraprayoon põe fim ao Governo de Choonhavan, o primeiro da história moderna da Tailândia eleito por voto universal. Em 9 de dezembro, é promulgada uma nova Constituição.


1992.- Os cinco partidos pró-militares nomeiam o general Suchinda Kraprayoon como primeiro-ministro. Após as manifestações diante das denúncias de abuso de poder e corrupção, o militar renuncia em maio. Em 10 de junho, Anand Panyarachun é nomeado primeiro-ministro. Em 23 de setembro, Chuan Likpai é nomeado primeiro-ministro. Likpai liderou a coalizão vitoriosa nas eleições parlamentares.


1995.- Eleições gerais em 2 de julho. Banharn Silpaarcha sai vencedor e governa em coalizão durante 14 meses.


1996.- O Governo de Banharn renuncia sob acusações de corrupção. Chavalit Yongchaiyudh ganha as eleições de 17 de novembro.


1997.- O líder da oposição, Chuan Likpai, se transforma em primeiro-ministro após a renúncia do seu antecessor, Chavalit. A Constituição é reformada novamente.


1998.- Likpai chega a um acordo com a oposição para implementar reformas econômicas.


1999.- É imposta uma moção de censura contra Likpai em dezembro. A oposição alega má gestão econômica e corrupção no Executivo.


2001.- Eleições gerais em 6 de janeiro. O líder do Thai Rak Thai, o bilionário Thaksin Shinawatra, sai vencedor. Seus primeiros quatro anos de mandato são marcados pela intensificação do conflito separatista no sul do país.


2005.- Thaksin volta a vencer nas legislativas de 6 de fevereiro, ao obter mais de 75% dos votos.


2006.- As eleições são antecipadas para 2 de abril, em resposta às grandes manifestações que exigem a renúncia de Shinawatra, acusado de corrupção, abuso de poder e nepotismo. O Tribunal Constitucional anula as legislativas, cujo resultado não permitiu formar um novo Parlamento, devido ao boicote da oposição. Em 19 de setembro, um golpe de Estado depõe o primeiro-ministro Shinawatra enquanto este participava da Assembléia Geral da ONU, em Nova York.