''Brasil e Cuba: Modos de ver, maneiras de sentir''

Em 2001, o escritor e jornalista brasileiro Edmílson Caminha foi convidado pela Unión de Escritores y Artistas de Cuba para participar, em Havana, do “III Encuentro de Culturas Hermanas”. Na ocasião, Caminha decidiu escrever um pequeno comentário acerc

Na última hora, Caminha cancelou a viagem, mas manteve a idéia do livro, que será lançado nesta quarta-feira (27), em Brasília, com o tíutlo de ''Brasil e Cuba: modos de ver, maneiras de sentir'', publicado pela Editora Thesaurus.


 


A obra, que recebeu o patrocínio institucional da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO/Brasil), procura estimular o diálogo entre as duas nações: “Que nossas afinidades históricas, étnicas e culturais concorram para o fortalecimento da amizade e da solidariedade entre brasileiros e cubanos, na luta que empreendemos pela dignidade humana, pela paz, pela autodeterminação, pela independência política, pela soberania nacional, pelo desenvolvimento econômico, pela justiça social e pela cidadania plena a que todos os povos têm direito'', sugere o autor.


 


O objetivo, segundo Caminha, ''é ler, comparativamente, o que entre nós se publicara sobre a ilha, para saber dos aspectos que chamaram a atenção e despertaram o interesse dos observadores; ter-se-ia, ao cabo do estudo, uma visão panorâmica das convergências e divergências de juízos e de opiniões — em termos objetivos (modos de ver) mas, também, quando prevalecesse a subjetividade (maneiras de sentir)''.


 


As poucas obras sobre serviriam ao pesquisador — inicialmente as de Fernando Morais, Antonio Callado, Ignácio de Loyola Brandão, Jorge Escosteguy, Frei Betto e Oswaldo França Júnior — chegaram, ao final, a mais de vinte.


 


Interesse por Cuba


 


Para Edmílson Caminha, a quantidade não surpreende: “Poucas nações despertam, no Brasil, tanto interesse quanto Cuba — arrisco-me a dizer que nenhuma outra. As afinidades entre os dois povos — a mistura de raças, a paixão pela música, o gosto pela dança, a alegria de viver —, somam-se à admiração dos brasileiros pelo heroísmo algo romântico de Sierra Maestra. Para nós, brasileiros, Cuba é um prodígio, e Fidel Castro, uma legenda.”


 


Se no começo lamentava não conhecer a ilha, o escritor acabou por mudar de opinião: “O fato de ainda não ter ido a Cuba possibilitou-me uma leitura isenta e desapaixonada dos livros que cotejei. Somente agora visitarei o país — para o lançamento do livro, em outubro —, já refeitos os cubanos, espero, das preocupações motivadas pela cirurgia a que se submeteu o Presidente Fidel Castro. Voltarei não só com uma opinião — agora sim, a minha opinião — sobre o país e o governo que há quase 50 anos assumiu o poder, mas, talvez, com matéria para um novo livro, quem sabe um diário de viagem, alguma coisa assim…”


 


O autor destaca, entre as obras que consultou,  livros como ''Fidel Castro, o homem e o líder'' ; ''A Revolução de 1959''; ''A educação, a saúde, o esporte, a cultura, a imprensa e a segurança pública na sociedade cubana''. Segundo Caminha,  “a conclusão a que se chega é que prevalecem os depoimentos, relatos e conceitos favoráveis a Cuba. As restrições encontradas são contrapontos que dão vigor ao debate e ao cotejo de idéias.”


 


Sobre o autor


 


Escritor, jornalista, professor de literatura brasileira e de língua portuguesa, Edmílson Caminha nasceu em Fortaleza (CE), em 1952. Dirigiu, em Teresina, a Rádio Educativa e o Departamento de Jornalismo da TV Educativa do Estado do Piauí. É consultor legislativo, por concurso público e o atual presidente do Conselho Editorial da Câmara dos Deputados.


 


Colaborou em vários jornais de todo o Brasil, notadamente nos suplementos literários. É autor de vários livros, entre eles Palavra de escritor (Thesaurus, 1995); Inventário de crônicas (Thesaurus, 1997); Villaça, um noviço na solidão do mosteiro (Thesaurus, 1998); Lutar com palavras (Thesaurus, 2001); Drummond, a lição do poeta (2002); Pedro Nava: em busca do tempo vivido (2003); e Conto de escola e outras histórias curtas, de Machado de Assis (org., 2005).