Greve geral dos bancários atinge hoje 17 estados e DF

Bancos de 18 unidades federativas do País, incluindo o Distrito Federal, não operam hoje (26/9). Uma ampla greve geral convocada pelo Comando Nacional dos Bancários deve durar 24 horas, em protesto contra o descaso dos banqueiros.

A categoria, em campanha federal, reivindica aumento real de salários e participação maior nos lucros e resultados (PLR). Mas a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), após cinco encontros e 40 dias de negociação, não se dispôs a dialogar os termos dos trabalhadores.


 


“A participação dos bancários nas assembléias e a aprovação da greve de 24 horas pela imensa maioria dos participantes mostram a disposição da categoria para lutar por melhores salários, maior PLR, mais saúde e melhores condições de trabalho”, sintetiza Vagner Freitas, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).


 


“A Fenaban”, lembra o sindicalista, “já está com a nossa pauta há mais de um mês e meio e, em cinco rodadas de negociação, não apresentou nenhuma contraproposta. Essa é uma greve de advertência: se as negociações não evoluírem, o próximo passo será a greve por tempo indeterminado”.


 


Variações
Na reunião de terça-feira passada (19), a Fenaban voltou a informar que pretendia construir uma proposta nos moldes anteriores – ou seja, sem reajuste. “Os banqueiros querem menos dinheiro no bolso do trabalhador, e com isso não vamos concordar. Diante desse quadro, os bancários vão parar”, afirmou o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Luiz Cláudio Marcolino.


 


A briga entre trabalhadores e empresas promete ser dura. Há pouco mais de 400 mil bancários em ativa no Brasil, e 106 mil deles atuam na base do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. A greve demonstra a união da categoria. Em três estados – Espírito Santo, Maranhão e Bahia -, a paralisação já é por tempo indeterminado. Na contramão do movimento, o sindicato do Oeste Catarinense não aderiu.


 


Atuando em 24 unidades da federação, a Contraf-CUT calcula que a greve teve a adesão dos sindicatos de São Paulo, Rio de Janeiro, ABC paulista, Acre, Alagoas, Apucarana (PR), Araraquara (SP), Assis (SP), Barretos (SP), Bauru (SP), Belo Horizonte (MG), Campinas (SP), Campos (RJ), Ceará, Curitiba (PR), Distrito Federal, Guarulhos (SP), Limeira (SP), Londrina (PR), Mogi das Cruzes (SP), Nova Friburgo (RJ), Pará, Pernambuco, Piauí, Porto Alegre (RS), Presidente Prudente (SP), Rondônia, Roraima, São Leopoldo (RS), Sergipe, Taubaté (SP), Teresópolis (RJ), Toledo (PR), Três Rios (RJ), Uberaba (MG), Umuarama (PR) e Juiz de Fora (MG).


 


A pauta dos trabalhadores
Os bancários reivindicam aumento real de salários de 7,05%, além da reposição da inflação e participação maior nos lucros e resultados (de 5% do lucro líquido linear), mais um salário bruto acrescido de R$ 1.500. No ano passado, eles receberam reajuste de 6% (1% de aumento real), mais R$ 1.700 de abono e PLR mínima de 80% do salário mais R$ 800, após seis dias de greve no mês de outubro.


 


A minuta dos bancários foi entregue no dia 10 agosto, quando aconteceu a primeira rodada e foram apresentadas as cláusulas prioritárias. Outras rodadas aconteceram nos dias 21 e 29 de agosto, além do último dia 15. A data-base da categoria é 1º de setembro. Além das cláusulas econômicas, os trabalhadores querem o fim do assédio moral e das metas abusivas; a isonomia de direitos entre trabalhadores aposentados, afastados e de bancos que sofreram fusões; a manutenção do emprego – por meio da proibição de dispensas imotivadas e da ampliação do horário de atendimento com dois turnos de trabalho – e a redução dos juros e das tarifas.


 


Também são consideradas prioritárias as cláusulas que reivindicam 14º salário; plano de cargos e salários para todos os trabalhadores; regramento da remuneração variável; aumento na gratificação de caixa; vale-alimentação de R$ 300; auxílio creche/babá de um salário mínimo; auxílio-educação para todos os funcionários; fim da terceirização de serviços; criação de comissão de segurança bancária; isenção de tarifas para todos os bancários; delegados sindicais em todos os bancos; e programa de reabilitação profissional.


 


Da Redação, com agências e Folha Online