Condoleezza não quer Venezuela no Conselho de Segurança

Do La Jornada, México
Os Estados Unidos, que têm assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), declararam-se nesta terça-feira contrários à escolha da Venezuela como membro não-permanente desse organismo.

Imediatamente o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, respondeu que “os Estados Unidos são quem deveria sair do Conselho de Segurança, deveria sair das Nações Unidas, e a sede da ONU deveria sair dos EUA. Basta ver o que acaba de aconter com o nosso chanceler” (Nicolás Maduro, que foi detido no sábado pelas autoridades de imigração em Nova York). O governo da Venezuela exigiu hoje que a secretária de Estado dos EUA apresente um desagravo público pela ação dos funcionários da imigreção.



“O órgão mais importante do mundo”



A secretária, Condoleezza Rice, avaliou que a presença da Venezuela tornaria o Conselho de Segurança “inviável”, pois “seria o fim do consenso”. “Este é um assunto sério”, comentou ela em declarações ao diário The Wall Street Journal.



“Trata-se de definir se um Estado é responsável ou se simplesmente deseja travar uma luta constante contra os Estados Unidos, todos os dias, sobre todos os assuntos, o que tornaria o Conselho de Segurança inviável”, disse ela. E insistiu que “trata-se do organismo mais importante do mundo e é necessário que ali estejam Estados responsáveis”.



Condoleezza recordou o discurso de Chávez na semana passada perante a Assembléia Geral da ONU, quando este arremeteu contra as políticas do presidente George W. Bush no mundo, a quem chamou de “diabo”, “tirano” e “mentiroso”. A funcionária agregou que Chávez “não fez bem algum com esse discurso”.


Condoleezza? “Who is she?”



Perguntado por jornalistas em Caracas sobre os comentários da secretária, Chávez respondeu: “Who is she?” (“Quem é ela?”). Em seguida assinalou que se trata de “mais uma evidência dos atropelos dos Estados Unidos, do governo dos Estados Unidos, que se condidera dono do mundo”.



Chávez advertiu que, caso seja eleito para um assento no Conselho, seu país se oporia à política internacional de ingerência de Washington: “Nesta grande mesa do Conselho de Segurança, vamos nos opor radicalmente às pretensões dos EUA de acabar com o mundo, de invadir povos, massacrar gente e desconhecer a soberania das nações”, disse.



Disputa é com a Guatemala



A disputa entre Wasington e Caracas se dá no contexto da candidatura da Venezuela a membro não-permanente do Conselho de Segurança, pelos próximos dois anos.
Como não houve consenso no bloco latino-americano para definir quem fica na vaga deixada pela Argentina, a decisão passará por votação na Assembléia Geral, que ocorrerá em 16 de outubro.



A Guatemala também quer ocupar a vaga, e é apoiada pelos Estados Unidos. Por sua vez, a Venezuela tem o respaldo da Comunidade do Caribe, assim como do Brasil, e acaba de confirmar o da Argentina e da Bolívia.



O embaixador russo em Caracas, Mijail Orlovets, confirmou que seu governo votará na Venezuela, desmentindo declarações do vice-chanceler de seu país, Sergei Kilsiak, que pôs em dúvida essa decisão.



O próprio Chávez reiterou que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ofereceu o seu apoio ao ingresso da Venezuela no organismo da ONU.


 


Fonte: La Jornada (http://www.jornada.unam.mx)