Lula “está louco para ir” no debate, mas avalia riscos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se na manhã desta quarta-feira (27) com quatro ministros e outros colaboradores, incluindo o coordenador de agenda da campanha, Cezar Alvarez, para analisar sua ida ao debate da TV Globo na noite de amanhã (28
Publicado 27/09/2006 17:16
“Pessoalmente ele está louco para ir, mas ainda vai analisar todo o quadro, inclusive as pesquisas de hoje, para decidir”, disse a fonte, que pediu à Reuters para não ser identificada. A decisão deve levar em conta os números das pesquisas a serem anunciadas hoje pelos institutos Datafolha e Ibope. Mas o que contará mesmo será a intuição do presidente.
A sugestão de Marinho
O presidente já analisa até sugestões para compatibilizar a presença no debate com o comício de encerramento da campanha, marcado para as 19 horas, da mesma quinta-feira, em São Bernardo do Campo (SP). O debate será realizado após as 22h, no Rio de Janeiro. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, disse a jornalistas que sugeriu ao presidente instalar um telão no palanque e utilizar um canal de satélite para falar ao vivo direto do Rio para o público do comício.
“Hoje temos tecnologia que permite ao Lula participar dos dois eventos”, disse Marinho. “Foi a minha sugestão para resolver esse problema, porque quanto a ir ao debate, as opiniões estão divididas meio a meio.”
“Lula tem que ir lá para arrebentar”
Segundo Marinho, não é só no Palácio do Planalto que o assunto gera polêmica. Ele divide também o chão da fábrica, as bases operárias do presidente.
“Metade acha que não vale a pena, porque ele vai ser provocado e o debate pode ser manipulado”, disse o ministro, saído como Lula da grande indústria de São Bernardo. “A outra metade acha que nós não devemos nada a ninguém e que o Lula tem que ir lá para arrebentar”, agregou.
Participaram do encontro os ministros Tarso Genro (Relações Institucionais), Dilma Rousseff (Casa Civil), Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) e Luiz Marinho (Trabalho).
Lula quebrou a praxe em 2002
O risco mais temido pelo comando lulista é o de uma provocação, especialmente por Heloísa Helena (PSOL). Além da senadora alagoana, devem participar os candidatos do PSDB, Geraldo Alckmin, e do PDT, Cristovam Buarque.
Em geral os candidatos em posição confortável nas pesquisas evitam os debates, em razão do risco de imprevistos e da inevitável união dos concorrentes para derrubar o primeiro colocado. Lula quebrou essa praxe em 2002, participando de debates no primeiro e segundo turno. Na campanha em curso, porém, não compareceu aos dois debates de presidenciáveis já realizados.
Em São Paulo, o coordenador de campanha, Marco Aurélio Garcia, disse que o presidente decidirá na quinta-feira se participa do debate. “Ele está numa situação muito cômoda, ele vai avaliar se é conveniente ou não”, afirmou a jornalistas.
Marco Aurélio desmentiu que Lula possa ir ao debate para se defender de ataques sobre o caso da compra do dossiê contra tucanos. “Ele não tem nada que dar explicações sobre o caso do dossiê. A posição dele está claríssima sobre isso”, afirmou.
Com Reuters e agências