Lula “está louco para ir” no debate, mas avalia riscos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se na manhã desta quarta-feira (27) com quatro ministros e outros colaboradores, incluindo o coordenador de agenda da campanha, Cezar Alvarez, para analisar sua ida ao debate da TV Globo na noite de amanhã (28

“Pessoalmente ele está louco para ir, mas ainda vai analisar todo o quadro, inclusive as pesquisas de hoje, para decidir”, disse a fonte, que pediu à Reuters para não ser identificada. A decisão deve levar em conta os números das pesquisas a serem anunciadas hoje pelos institutos Datafolha e Ibope. Mas o que contará mesmo será a intuição do presidente.



A sugestão de Marinho



O presidente já analisa até sugestões para compatibilizar a presença no debate com o comício de encerramento da campanha, marcado para as 19 horas, da mesma quinta-feira, em São Bernardo do Campo (SP). O debate será realizado após as 22h, no Rio de Janeiro. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, disse a jornalistas que sugeriu ao presidente instalar um telão no palanque e utilizar um canal de satélite para falar ao vivo direto do Rio para o público do comício.



“Hoje temos tecnologia que permite ao Lula participar dos dois eventos”, disse Marinho. “Foi a minha sugestão para resolver esse problema, porque quanto a ir ao debate, as opiniões estão divididas meio a meio.”



“Lula tem que ir lá para arrebentar”



Segundo Marinho, não é só no Palácio do Planalto que o assunto gera polêmica. Ele divide também o chão da fábrica, as bases operárias do presidente.



“Metade acha que não vale a pena, porque ele vai ser provocado e o debate pode ser manipulado”, disse o ministro, saído como Lula da grande indústria de São Bernardo. “A outra metade acha que nós não devemos nada a ninguém e que o Lula tem que ir lá para arrebentar”, agregou.



Participaram do encontro os ministros Tarso Genro (Relações Institucionais), Dilma Rousseff (Casa Civil), Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) e Luiz Marinho (Trabalho).



Lula quebrou a praxe em 2002



O risco mais temido pelo comando lulista é o de uma provocação, especialmente por Heloísa Helena (PSOL). Além da senadora alagoana, devem participar os candidatos do PSDB, Geraldo Alckmin, e do PDT, Cristovam Buarque.



Em geral os candidatos em posição confortável nas pesquisas evitam os debates, em razão do risco de imprevistos e da inevitável união dos concorrentes para derrubar o primeiro colocado. Lula quebrou essa praxe em 2002, participando de debates no primeiro e segundo turno. Na campanha em curso, porém, não compareceu aos dois debates de presidenciáveis já realizados.



Em São Paulo, o coordenador de campanha, Marco Aurélio Garcia, disse que o presidente decidirá na quinta-feira se participa do debate. “Ele está numa situação muito cômoda, ele vai avaliar se é conveniente ou não”, afirmou a jornalistas.
Marco Aurélio desmentiu que Lula possa ir ao debate para se defender de ataques sobre o caso da compra do dossiê contra tucanos. “Ele não tem nada que dar explicações sobre o caso do dossiê. A posição dele está claríssima sobre isso”, afirmou.



Com Reuters e agências