Presidente da OAB adere à tese golpista da oposição
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato, inconformado com o fracasso das investidas anti-Lula da oposição e da mídia, admitiu, nesta quarta-feira (27) a possibilidade de a entidade retomar a discussão sobre um pedido de impe
Publicado 27/09/2006 18:35
Busato é voz praticamente isolada dentro da OAB. Suas teses golpistas já haviam sido rechaçadas pelos demais membros da entidade em novembro do ano passado, quando o Conselho Federal da OAB reuniu-se e, contra a orientação de Busato, a maioria dos conselheiros considerou não haver elementos suficientes para a abertura de processo de impeachment nem apoio da população para levar adiante o pedido de impedimento.
Agora, resgatando a proposta derrotada, Roberto Busato frisa que, por enquanto, um eventual pedido de impeachment do presidente da República não está em discussão na OAB. “Na Casa, não se fala em impeachment, não está na pauta”.
Mas o próprio presidente da Ordem advertiu que os dois pressupostos que a entidade considerou para adiar a discussão do assunto podem perder validade, caso a eleição seja decidida já no primeiro turno, e diante de uma possível renovação da Câmara dos Deputados. “Se houver clima para tanto, face às evidências que possam ser encontradas, o assunto pode voltar à tona”, afirmou Roberto Busato.
Ladainha do 2º turno
O presidente da OAB torce, também, para que a eleição presidencial não seja decidida logo no 1º turno, embora as pesquisas indiquem o contrário.
“Sem dúvida, o 2º turno seria bastante prudente para a sociedade. Daria tempo de se esclarecer toda essa situação (as denúncias de que petistas negociaram um dossiê contra políticos tucanos)”.
Para Roberto Busato, o segundo turno “seria saudável dado a crise que se abateu sobre, principalmente, o PT, que tem seu candidato com larga vantagem nas eleições”.
O presidente da OAB acredita que, como o caso do dossiê ainda não foi totalmente esclarecido, a permanência do assunto na mídia pode influenciar o pensamento do eleitor. A menos de uma semana das eleições, as últimas pesquisas eleitorais indicam a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva já no dia primeiro de outubro.
CUT exige respeito “à voz soberana das urnas”
Em mensagem divulgada agora à tarde, o presidente nacional da CUT, Artur Henrique, criticou as declarações de Busato. O sindicalista afirmou que a “OAB tem um importante histórico de defesa da liberdade e da democracia. Por isso, acreditamos que a grande maioria de seus dirigentes e integrantes não compartilha da opinião”.
“O princípio sagrado da democracia – a cada cidadão, um voto – não pode ser substituído pelo prejulgamento de alguns. A maioria do povo é livre para escolher aquele que considera o melhor candidato, apesar da contrariedade da oposição e de setores da mídia”, diz a mensagem.
Henrique completa a mensagem dizendo que “em nome de sua tradição e de princípios jurídicos, a OAB deve cobrar investigações sérias sobre a suposta participação de integrantes do PSDB no nascimento e crescimento da chamada máfia das sanguessugas, em torno da qual teve início o acirramento da disputa política nos últimos dias. A realidade não é unidimensional”.
Garcia critica ''visão golpista'' da oposição
Ainda hoje, o coordenador da campanha do PT à Presidência, Marco Aurélio Garcia, afirmou suspeitar ''fortemente'' que partidos da oposição tem uma ''visão golpista'' do processo político e que querem prejudicar um eventual segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por considerarem as eleições perdidas.
Ele não confirmou a presença do presidente do debate de amanhã com os presidenciáveis, que será promovido pela rede Globo.
Segundo Marco Aurélio, PSDB e PFL ''estão numa atitude de perdedores e querem ganhar no tapetão'', em uma referência à representação contra o presidente protocolada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
''Eu suspeito fortemente que por trás de uma série de comportamentos dos partidos de oposição está uma visão golpista do processo político brasileiro'', disse ele, após participação em evento de política externa, promovido pela Fecomercio-SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo). Garcia havia sido convidado quando ainda era assessor para Assuntos Internacionais da Presidência.
Se a representação for julgada válida, Lula pode ficar inelegível por três anos. A Justiça Eleitoral também pode determinar a cassação do registro da candidatura de Lula.
''Como eles já estão dando por descontado que não vão vencer a eleição, querem 'melar' o processo posterior à eleição. Podem tirar o cavalinho da chuva, que não vão levar essa'', acrescentou.
Na segunda-feira, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo, afirmou que seria um ''golpe'' a possibilidade da Justiça eleitoral cassar um novo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se reeleito.
O coordenador de campanha negou que, por causa da representação, o presidente Lula teria problemas de ''governabilidade'' em um eventual segundo mandato. ''Teve [condições de governabilidade] no ano passado, em uma crise muito maior que essa'', disse ele.
Da redação,
com informações das agências