Mercado editorial pode dar salto histórico no Brasil

O mercado editorial brasileiro está em condições de dar um salto histórico de qualidade graças às políticas de fomento da leitura e de apoio ao setor, afirmou nesta segunda-feira (02/10) Oswaldo Siciliano, dono da maior rede de livrarias do país. Sicilian

O editor brasileiro destacou a importância da elaboração de uma Lei do Livro como “marco legal para construir uma política de Estado para o livro e a leitura” e a passagem significativa representada em 2004 pela decisão de “deixar o livro fora de qualquer carga tributária”.


 


Estas medidas promovidas pelo Governo contribuíram para que o setor crescesse 19% em 2005 e faturasse 9% a mais que em 2004, segundo os dados fornecidos por Siciliano. “Em nenhum outro momento de nossa história estivemos tão perto de conseguir uma ação em favor do livro e da leitura. Todo mundo sai beneficiado”, acrescentou o editor, que destacou o esforço comum realizado pelo Estado, a sociedade civil e os editores.


 


O editor ressaltou que há “quatro fatos estratégicos” para concretizar este salto histórico: a democratização do acesso ao livro, o fomento da leitura e da formação, a valorização da leitura e do conhecimento, e o apoio econômico ao livro.


 


Siciliano falou do setor editorial como um dos fatores decisivos para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Entre os problemas a serem resolvidos, o editor se referiu ao “estrangulamento da produção editorial” devido a um sistema de distribuição “prejudicado por um sistema tradicional e por problemas logísticos derivados da insuficiência de infra-estruturas”. A conseqüência são os “altos custos de transporte e de armazenamento”.


 


Políticas de Estado
Siciliano defendeu a promoção de programas sociais que sirvam para “criar e dinamizar as bibliotecas públicas, fortalecer as livrarias e criar novos pontos de distribuição”. Além disso, o editor pediu ao governo brasileiro que continue construindo escolas e investindo em educação para atender com garantias a um sistema educativo que integra 56,5 milhões de crianças e jovens nos ensinos fundamental e médio.


 


Apesar de nos últimos anos a melhora econômica ter permitido no Brasil que “7 milhões de pessoas passem a integrar a classe média” e que a renda per capita tenha aumentado substancialmente, “ainda é insuficiente para que se comprem livros regularmente”.


 


Resta muito a ser feito, segundo Siciliano, porque o número de livros per capita comprados está em 1,8 unidade, o analfabetismo funcional atinge 38% da população e o absoluto, 13%, e em 730 cidades não há nenhuma biblioteca.