Lula quer o debate ético com Alckmin

O presidente Lula irá ao debate na TV Bandeirantes, no domingo (8), na ofensiva. O anúncio foi feito pelo ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, em entrevista ao blog do jronalista Josias de Souza, da Folha de São Paulo. “Nós queremos o deb

Segundo Tarso, o debate será muito interessante.“Vai demarcar os três campos da disputa: o que fui e o que fiz quando era governo, o comportamento de cada um diante da corrupção e o que cada candidato deseja para o futuro do país”.


 


Sobre o debate:
Vai ser muito interessante. A primeira vez que os dois terão o mesmo tempo na televisão, a primeira vez que os dois estarão frente a frente. Isso é muito bom porque são dois quadros políticos importantes para o país, com histórias diferentes, compromissos diferentes, com comportamentos diferentes que tiveram no decorrer dos seus governos.


 


Sobre ética e corrupção:
Quando existe responsabilidade de pessoas ou de partidos, o que se deve levar em consideração é qual é a atitude do governante. Essa questão de saber ou não saber, de reagir ou não reagir, é sempre circunstanciada pelas relações políticas, pelo grau de informação que tem o governante. Mas quando isso se transforma numa questão pública, num fato provado, qual é a postura que o governante tem? Nós temos condições de demonstrar qual foi a conduta do governo Lula nas questões relacionadas com corrupção e ilegalidade – com dados da Controladoria da União e da Polícia Federal – e qual foi a atitude dos tucanos. Que atitudes eles tomaram para solucionar esses problemas? Quantas demissões fizeram? Quantas vezes a Polícia Federal foi acionada para investigar profundamente as coisas?


 


Sobre ética e corrupção no Governo de Alckmin:
Qual foi a atitude que o Alckmin teve em relação às CPIs. Por que ele acionou politicamente o seu grupo para proibir quase 70 CPIs em São Paulo. É uma conduta diversa à que nós tivemos em relação a isso. Disseram sobre nós: ''houve resistências às CPIs''. Claro que houve. Isso faz parte da política. Mas qual foi a atitude concreta que o governo e pessoas do PT tiveram em relação às CPIs? Não foi uma posição de obstruir. Ao contrário. Menciono não apenas o governo, mas pessoas do próprio PT, como o deputado José Eduardo Cardozo (SP), o senador Delcídio Amaral (MS). O que queremos debater é como se comportaram os grupos políticos e os governantes em relação a essas questões éticas. Queremos comparar.


 


Sobre crime político de FHC:
Para mim, a compra de votos na votação da emenda da reeleição é um crime e um delito político dos mais graves que ocorreram no Brasil. Foi uma emenda à Constituição comprada. Foram apresentadas provas: gravações, informações. Qual foi a atitude do governo Fernando Henrique? Zero. Eles trataram de abafar. Não deu em nada. Ninguém foi punido. Mostra uma diferença essencial entre o comportamento dos tucanos e o posicionamento do nosso governo.


 


Dossiê:
Tentou-se, com uma repercussão massiva na mídia, estabelecer uma conexão do presidente Lula com o dossiê. É uma posição totalmente injusta, mas isso ocorre no processo político. Os indivíduos irresponsáveis que se envolveram nisso deram um tiro nas costas da candidatura Lula. A candidatura só resistiu pela autoridade política que o presidente tem, pelo reconhecimento que seu governo tem da população. O que ocorreu foi uma redução de três ou quatro pontos, que levou ao segundo turno. A Policia Federal está apurando. O presidente não pode interferir na polícia, nem para apressar nem para retardar o inquérito. Nós do governo, temos o desejo de que isso seja esclarecido rápida e radicalmente, para responsabilizar seja quem for. Estamos tranqüilos porque o presidente não tem nenhuma responsabilidade. O desfecho desse processo só pode beneficiar o país e a eleição. Mas isso tem um ritmo. A PF não tortura ninguém.


 


Sobre a imprensa:
Houve uma uniformidade piedosa por parte da imprensa. Não é uma crítica, é uma constatação. Pretendeu-se estabelecer uma criminalização em grupo. O costume que se formou na disputa política é o seguinte: quando é alguém do Partido dos Trabalhadores que faz é fulano de tal do PT. Em seguida, o PT é incriminado coletivamente. Com os outros partidos isso não ocorre. Isso não houve em relação a outros partidos. Não me lembro de olhar na rua uma pessoa do PSDB e procurar identificar nessa pessoa um corrupto. As pessoas se reportam aos petistas, em ambientes públicos, como se integrassem uma organização criminosa, que é o PT. Isso não havia sido feito com nenhum partido até agora.


 


Sobre a refundação do PT:
Essas pessoas que se envolvem em delitos assumem atitudes que podem levar um projeto generoso como é o do PT a uma situação insustentável. Mas o partido já demonstrou que tem energia suficiente para reagir. No próximo período, o PT vai fazer um severo trabalho de recomposição interna, que eu chamo de refundação. Há pessoas articuladas nesse projeto de reconstrução. Pessoas de diversas tendências, que não têm relação e não concordam com esse tipo de atitude. Temos que combater e expulsar pessoas que se desviaram do projeto partidário. Isso vai em direção ao congresso do PT no ano que vem. Se a direção atual vai tomar ou não atitudes duras agora, não estou informado. Evidentemente, todos nós esperamos que sim.