Niemeyer pede voto em Lula por defesa da nossa soberania

Oscar Niemeyer voltou a declarar apoio à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em artigo publicado na Folha de S.Paulo desta segunda-feira (09/10). ''Tinha de me manifestar, e apresentei um motivo, a meu ver, suficiente, para justifi

O texto vem a público um dia após Niemeyer sofrer uma queda em casa, quebrar o colo do fêmur e, por isso, se internar em um hospital do Rio de Janeiro, para se submeter a uma intervenção cirúrgica. Ele deve receber alta em até cinco dias, segundo a assessoria de imprensa do hospital. Confira a íntegra do artigo.


 


Em defesa da nossa soberania


 


Por Oscar Niemeyer*


 


Na última terça-feira, como fazemos há mais de quatro anos, assistimos às aulas do nosso amigo, o físico Luiz Alberto Oliveira, nas quais são debatidos os problemas da vida, da filosofia, deste estranho mundo em que vivemos.


 


Nessa noite, prevaleceu em nossa conversa a notícia, divulgada pela imprensa, de que o Prêmio Nobel de Física tinha sido concedido a John Mather e George Smoot. E, durante meia hora, Luiz Alberto discorreu sobre a matéria, entusiasmado com a descoberta daqueles cientistas que apuravam a teoria do Big Bang, há tantos anos adotada.


 


Interessados, acompanhamos as explicações do nosso amigo sobre o assunto. E foi já tarde, pelas 23h, que o problema do segundo turno das eleições presidenciais nos ocupou, cada um expondo o que pensava sobre o que poderá ocorrer, todos a apoiar Lula.


 


E no calor da discussão comentou-se a campanha odiosa levantada contra ele durante todo o período que precedeu as eleições.


 


Tinha de me manifestar também, e apresentei um motivo -a meu ver, suficiente- para justificar a defesa que fazemos da permanência de Lula no poder.


 


Insisti em que ele seria indispensável para o movimento de protesto contra o imperialismo norte-americano que se espalha pela América Latina. Movimento para o qual o Brasil se faz fundamental, por ser o país mais importante deste continente em que estamos.


 


Outro presidente menos interessado no problema, mais preocupado em atender às pressões dos Estados Unidos -esquecendo-se da nossa Amazônia, tão ameaçada-, romperia esse movimento em defesa da América Latina que o Brasil, a Venezuela, a Argentina e a Bolívia vêm sustentando corajosamente.


 


Precisamos não nos iludir com o argumento de que a política violenta do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, começa a declinar. Quem sabe se, diante do que ocorre, ela não vai se tornar mais cruel ainda -e o inesperado surge de repente?


 


Vivemos em um momento no qual a defesa da pátria e da sua soberania entre nós não pode ser esquecida. E, para isso, a integração de todos os países que compõem a América Latina se faz essencial.


 


Nas discussões políticas, a crítica quase sempre é levada a voltar atrás para descobrir erros cometidos no passado.


 


Nós, que estamos a favor de Lula, gostaríamos que isso ocorresse para comprovar que ele sempre permaneceu solidário com aqueles que lutam pela defesa da América Latina -de mãos dadas com Hugo Chávez, Néstor Kirchner e Evo Morales.


 


* Oscar Niemeyer é arquiteto e foi um dos criadores de Brasília (DF)