Berlusconi diz que sua coalizão corre perigo de desaparecer

Silvio Berlusconi, ex-primeiro-ministro e líder do partido Forza Itália, disse nesta terça-feira (10/10) que a coalizão de centro-direita que lidera corre o risco de desaparecer após os problemas surgidos com o pequeno partido democrata-cristão UDC.

“É um desastre. Não se dão conta de que a coalizão Casa da Liberdade corre o perigo de desaparecer e isto representará o fim da centro-direita?”, disse Berlusconi em entrevista publicada na edição de hoje do jornal conservador “Il Tempo”, um dos poucos que circulou apesar da greve de dois dias iniciada ontem pelos jornalistas italianos.



Com essas palavras, Berlusconi comentava os últimos problemas surgidos com os aliados democrata-cristãos, que apresentaram um candidato próprio, Aldo Patriciello, às próximas eleições na região de Molise (centro), previstas para o início de novembro.



A UDC se nega a apoiar a candidatura de Michele Iorio, membro da Forza Itália, por não compartilhar da decisão da coalizão de aliar-se com os neofascistas do pequeno partido Fiamma Tricolore.



Para Berlusconi, esse episódio obrigará a Casa da Liberdade a realizar uma campanha contra a UDC para que os cidadãos votem em seu candidato e isto “produzirá feridas que depois não se fecham jamais”.



Desavenças
Outro ponto que divide a UDC do resto dos aliados da coalizão opositora é a estratégia política para obrigar o governo a mudar alguns pontos do próximo Orçamento geral do Estado para 2007.



Partidos como a direitista Aliança Nacional e a separatista com traços racistas Liga Norte se inclinam à possibilidade de organizar uma manifestação nacional de protesto, mas tanto a UDC como Berlusconi não se mostram de acordo.



“Uma manifestação é uma masturbação mental. Uma pessoa vai a uma manifestação com sua bandeira e cartazes. Desafoga-se um pouco, mas no final não muda nada e continua pagando mais impostos. Eu insisto em que antes de mais nada é preciso tentar mudar os orçamentos no Parlamento”, disse o líder da Forza Itália.



Berlusconi confirmou que está mantendo reuniões com membros da maioria sobre a próxima discussão no Parlamento para aprovar os orçamentos. Sobre sua cada vez menor presença no cenário político, ele explicou que não desapareceu, mas disse que atacar o governo “serviria apenas para compactá-lo”.