Para perito, teste nuclear norte-coreano afeta relações com a China

Global Times: Por que a RPDC efetivou o seu primeiro ensaio nuclear, mesmo sob forte pressão da comunidade internacional, incolusive da China?

Yan Xuetong: Até agora apenas alguns grandes países condenaram a RPDC em virtude da resolução da ONU, que não tem caráter obrigatório. A pressão da comunidade internacional sobre a RPDC é apenas de opinião pública, embora legítima. Além disso, a RPDC proclamou sua retirada do Tratado de Não-Proliferação Nuclear e não está limitada por este, razão pela qual suas ações fora das obrigações do Tratado não infrigem as leis internacionais, tal como ocorre com a Índia e o Paquistão.

Depois de realizar seu teste nuclear, a RPDC pode ser considerada um país nuclearizado. Ela o fez porque nenhuma potência do mundo atual se compromete a garantir sua segurança. Faz muito tempo que ela se antagonizou militarmente com as potências ocidentais e o Japão. É impossível que os Estados Unidos e outros países ocidentais se comprometam a garantir sua segurança. A China tampouco pode fazê-lo. Além do que a RPDC obteve ajuda petrolífera do Irã e Venezuela, e não possui ajuda financeira das potências. Por isso atuou com menos vacilações.

Times: Ao seu ver, que influência esse teste nuclear terá nas relações internacionais?

Yan: Acreio que as relações entre a China e a RPDC serão as mais afetadas. O teste nuclear norte-coreano exerceu uma grava influência sobre essas relações.

Nas negociações das seis partes (entre as duas Coréias, China, Rússia, EUA e ONU), a China sempre persistiu na desnuclearização da Península da Coréia. Depois do ensaio nuclear norte-coreano, a China se depara com o dilema de manter ou não sua posição.

Caso a China aceite o fato de uma Coréia nuclearizada, tropeçará com mais novos problemas. Caso persista em sua posição anterior, contrariará a RPDC. As sanções impostas pelos países ocidentais deram resultados muito insignificantes. Seria pouco provável que esses países adotassem ações militares, já que não existem ahntecedentes na história de um país nuclear lançar um ataque contra outro país nuclear. No final as contas, o teste atômico norte-coreano terá uma influência muito ruim sobre as relações entre ambos países.