Vítimas da ditadura argentina acusam Astiz de violar prisão preventiva

A Associação de ex-Detidos Desaparecidos (AEDD) da Argentina denunciou hoje que o ex-repressor Alfredo Astiz viola as condições de sua detenção e vai sempre a um hospital militar onde montou um escritório.

Segundo a organização, que agrupa as vítimas da última ditadura argentina (1976-1983), Astiz não cumpre com as condições que lhe impôs a justiça ao pedir sua prisão preventiva em uma base naval de Zárate, 90 quilômetros de Buenos Aires.


 


A AEDD disse em comunicado que o ex-capitão “despacha com assiduidade no Hospital Naval (de Buenos Aires), onde instalou um escritório na qual realiza reuniões”.


 


“Exigimos dos juízes que ordenem a imediata transferência de todos os detidos (por causas vinculadas ao terrorismo de Estado) a estabelecimentos carcerários”, acrescentou a organização.


 


Também pediu ao presidente da Argentina, Néstor Kirchner, que, “em seu caráter de comandante-em-chefe das Forças Armadas relate imediatamente aos juízes que daqui para frente não permitirá que nenhum genocida seja hospedado em dependências militares”.


 


Astiz está detido desde 2003 pelos seqüestros, torturas e desaparecimentos forçados cometidos no centro clandestino de detenção que funcionou na Escola de Mecânica da Marinha (Esma), na capital argentina, durante o último regime militar.


 


O ex-marinheiro, requisitado por juízes da Espanha, França e Suécia, também é processado à revelia em Roma pelo seqüestro e morte de três ítalo-argentinos durante o último Governo militar argentino.


 


Apelidado de “o anjo da morte” por associações humanitárias, Astiz é além disso acusado pelo seqüestro e desaparecimento de vários cidadãos estrangeiros, entre eles as freiras francesas Alice Domon e Léonie Duquet e a jovem sueca Dagmar Hagelin.


 


As investigações por violações dos direitos humanos foram reabertas depois que o Parlamento argentino anulasse em 2003 as leis de Obediência Devida e Ponto Final, que beneficiavam mil repressores.



     
Fonte: EFE