Os índios xikrin ocupam a Vale. E não vão sair sem reunião
Desde terça-feira (17/10), cerca de 200 índios da etnia xikrin ocupam instalações da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) em Carajás (PA). A empresa assumiu o compromisso de se reunir com lideranças do movimento, mas há pendências que mantêm a ocupação.
Publicado 19/10/2006 18:42
Segundo Karangré Xikrin, os indígenas querem negociar pessoalmente com um representante da Vale do Rio Doce – e não aceitam “recado por telefone ou documento”. O encontro entre as partes deve ocorrer no próximo dia 26na sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Marabá (PA).
Em nota distribuída nesta quarta-feira (18/10), a Funai informa que intermediou acordo entre os índios e a empresas. Os xikrin apresentaram uma ampla lista de reivindicações à empresa. A pauta da reunião é a questão de repasses financeiros para a comunidade no âmbito do termo de compromisso firmado entre os indígenas e a companhia em maio deste ano.
Os xikrin querem debater o reajuste de recursos repassados mensalmente pela companhia à comunidade indígena da região. Eles também reivindicam a construção de 60 casas nas aldeias Caeté e Djedjokô, além da reforma e manutenção de estradas de acesso às duas comunidades.
Impasses
Na tarde de ontem (18), a Polícia Federal entregou aos líderes da comunidade o mandado de reintegração de posse concedido pela Justiça Federal, que determina a desocupação da área. “Antes de sair, eles querem que a companhia se comprometa a participar de uma reunião na sexta-feira”, disse por telefone Raulien Oliveira de Queiroz, administrador da Fundação Nacional do Índio (Funai) que acompanha a ocupação.
Segundo a Vale, os indígenas recebem anualmente R$ 9 milhões, administrados por associações sediadas na área de atuação da empresa. Os recursos, de acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), são utilizados em obras de infra-estrutura e na promoção da subsistência das famílias. De acordo com a Funai, um termo de compromisso firmado em maio deste ano previa que o reajuste dos repasses seria discutido em setembro, mas a Vale não enviou representante à reunião marcada na época.
A Vale também informou nesta quinta que poderá adotar medidas jurídicas em relação aos contratos de fornecimento de minério de ferro aos seus clientes, devido a possíveis atrasos de entrega após a ocupação. A companhia é uma das maiores empresas de mineração e metais do mundo. Ela atua em 14 estados brasileiros e em cinco continentes. A produção diária da empresa em Carajás é de 250 mil toneladas de minério de ferro.