Cartas tucanas de 1994 não evitaram privatizações em SP

Por André Cintra, da Redação
O presidenciável Geraldo Alckmin jura, sob qualquer preço, que não privatizará nenhuma empresa estatal. Essa mesma estratégia já foi adotada pelo PSDB, há 12 anos, nas eleições para o governo paulista. Para atrair votos do

No documento (foto), o então candidato do PSDB a governador, Mário Covas, promete “resgatar a grandeza e a tradição do Banespa, bem como a dignidade de seus funcionários”. O texto também revela uma suposta intenção tucana de transformar o banco “novamente na principal fonte de recursos para o desenvolvimento econômico e tecnológico do Estado (de São Paulo)“. Palavra de tucano! A carta-compromisso foi enviada a todos os banespianos – na época, o banco tinha 36 mil trabalhadores. (Clique aqui para ver uma reprodução maior do documento)


 


Covas venceu o pleito e, apesar da promessa, incumbiu seu vice de chefiar um aceleradíssimo processo de privatizações. O vice era justamente Alckmin, que liderou, por anos, o chamado PED (Programa Estadual de Desestatização). Em vez de recolocar o Banespa a serviço do crescimento paulista, o PSDB – com Alckmin à frente – partiu para a privataria. De cara, decretou “estado de intervenção” no banco, para depois federalizá-lo. Em 2000, num leilão repleto de irregularidades, o Banespa foi vendido aos espanhóis do Santander.


 


Os próprios funcionários do banco não esquecem a traição tucana, como revela uma carta de Airton Góes, publicada na última terça-feira (17/10), na Folha de S.Paulo. Airton põe sob suspeita o discurso de Alckmin neste segundo turno: “Se nem Mario Covas, de longe o melhor de todos os tucanos, conseguiu cumprir sua palavra, imagine então se Alckmin, que liderou o processo de privatização em São Paulo, irá manter a promessa de não vender as poucas empresas federais que restaram do governo FHC”.


 


A carta aos eletricitários
Outras categorias mantêm indignação à falta de palavra do PSDB. Os eletricitários também não se esquecem da campanha de 1994, quando os tucanos afirmaram categoricamente que não privatizariam as energéticas paulistas. Para selar (ou melhor, fingir) compromisso, os candidatos peessedebistas chegaram a participar de audiências públicas na Assembléia Legislativa paulista.


 


No segundo turno, Covas assinou mais uma carta-compromisso, segundo a qual ele e Alckmin preservariam as estatais do setor. O texto foi apresentado aos eletricitários na porta da CPFL, da Eletropaulo e da Cesp. Mas o que ocorreu, após a vitória do PSDB nas urnas, foi mais uma traição. Alckmin liderou o desmembramento da Cesp e da Eletropaulo. Em seguida, vendeu as empresas que surgiram desse processo, bem como a Comgás e a CPFL.


 


“Esqueçam o que escrevi”, já pediu o grão-tucano Fernando Henrique Cardoso. Agora é Alckmin que parece fazer uma súplica parecida: “Esqueçam o que o PSDB escreveu em 1994”. Na TV Bandeirantes, porém, o ex-governador já garantiu a primeira das privatizações – o novo avião presidencial. Depois do avião, quem garante que não venderá Petrobras, Correios, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal?


 


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