Futuro do Canal do Panamá será referendado neste domingo (22)

Cerca de três milhões de panamenhos irão às urnas neste domingo (22/10) para aprovar ou não a ampliação do Canal do Panamá, um megaprojeto do governo destinado a construir um terceiro jogo de eclusas visando à passagem de cargueiros gigantes.

O crescimento dos intercâmbios comerciais, com navios cada vez maiores, e a competição de vias alternativas, como o canal de Suez (Egito) ou o sistema intermodal dos Estados Unidos, ameaçam a principal atividade econômica do Panamá, advertem aqueles que são favoráveis ao projeto.



“O motor principal da proposta é a falta de balanço que existe entre a demanda crescente e as restrições do canal atual”, afirma Rodolfo Sabonge, diretor do Departamento de Planificação Corporativa e Mercado da Autoridade do Canal do Panamá (ACP).



A capacidade do Canal do Panamá, construído pelos Estados Unidos entre 1904 e 1914, chegará a seu máximo em 2010, segundo vários estudos.



Cenário de hoje
Atualmente, só os barcos com reserva – num total de 24 – têm garantida a travessia pelo canal – de 18 horas – com data e horário previstos, enquanto outros 13 são obrigados a aguardar em uma fila. Basta que uma das duas vias esteja fechada para que a fila se prolongue por até um mês.



No total, 296,3 milhões de toneladas passaram pelas eclusas do canal no último ano, 6,2% a mais que o anterior, deixando receitas de US$ 1,4 bilhão, dos quais o governo destinará US$ 560 milhões a obras sociais.



Diferentemente dos Estados Unidos, que via o canal com um objetivo estratégico militar e uma estrutura sem propósito de lucro, o Panamá, que recuperou a soberania do canal em 31 de dezembro de 1999, enxerga a passagem de navios como um negócio.



Objetivos
Com a construção de uma terceira via entre o Atlântico e o Pacífico, as autoridades panamenhas querem captar os navios Pós-Panamax, capazes de transportar até 12 mil contêineres.



O terceiro jogo de eclusas, combinado com as existentes, permitirá o trânsito de até 600 milhões de toneladas. Com este projeto, o Panamá, por onde passam 144 rotas comerciais, das quais 69% procedem de ou se dirigem aos Estados Unidos, quer continuar sendo a principal passagem interoceânica no hemisfério.



A ampliação tem um custo de US$ 5,25 bilhões de dólares e, se os panamenhos aprovarem neste domingo o projeto de ampliação, a obra estará concluída em 2014 – um século depois da entrada em funcionamento do canal.



As pesquisas apontam uma avassaladora vitória do “sim” no referendo. Os opositores temem o impacto negativo da obra no ecossistema – em particular, a salinização de lagos como o Gatún e o Miraflores e a provável passagem de espécies de um oceano para o outro.