Deputadas condenam atitude de tucano na CPI dos Sanguessugas
O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) foi acusado de estar usando a função de membro da CPI dos Sanguessugas para obter documentos das investigações sobre o dossiê Vedoin para uso eleitoral. O próprio deputado admite que viajou a Cuiabá, na semana passad
Publicado 25/10/2006 18:19
Para as deputadas Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Iriny Lopes (PT-ES), a atitude do deputado ''é condenável''.
“Ele está usando o fato de ser da CPI para junto com (Raul) Jugmann (PPS-PE) e (Fernando) Gabeira (PV-RJ), encurralar a PF e o Poder Judiciário, numa atitude condenável pelo uso eleitoral que quer dar aos documentos”, avalia Vanessa.
Iriny Lopes faz a mesma avaliação. Segundo ela, “o deputado Sampaio esteve em Cuiabá, em nome próprio, porque não tinha designação para representar a CPI, em reunião com a Polícia Federal, e deu entrevistas à imprensa falando sobre conversas informais em que ele teria apurado ligações de José Dirceu e Gilberto Carvalho com o dossiê Vedoin”.
“Não é um comportamento normal”, disse, acrescentando que “qualquer membro deve ter autorização para fazer investigação”. E destacou que o comportamento do deputado foi criticado pela própria PF. “Não se pode passar informações de maneira informal. Isso tem formalidade, para resguardar a credibilidade da CPI, o ritmo e o sigilo da investigação. Quando se veicula uma informação não concluída alerta o investigado”.
A deputada petista destaca que “a Polícia Federal, a Controladoria Geral da União e o Ministério Público estão agindo exemplarmente, não tem como deixar que eles cumpram seu papel”. Para Iriny, a ação do deputado tucano tem objetivo de tentar prejudicar o Presidente Lula, “coisa que eles não têm conseguido”.
Sem repercussão
A deputada Vanessa Grazziotin lembrou que desconfiou da atitude do deputado Carlos Sampaio desde que foi a Cuiabá logo após o primeiro turno, na comitiva de quatro deputados, entre eles o deputado tucano.
“Ele disse que não voltaria conosco, que ficaria para conversar com o delegado da PF”. No dia seguinte, a deputada, ao encontrar com Sampaio, soube dele que voltou de carona no jatinho de um amigo.
A informação de que o deputado teria ido mais duas vezes à Cuiabá provocou a indignação das deputadas. Vanessa Grazziotin disse que fez a denúncia à imprensa, mas o fato não repercutiu. “É preciso saber quem paga o aviãozinho que carrega o deputado Carlos Sampaio, que já foi mais duas vezes a Cuiabá?”, indaga.
Confirmação
O deputado Carlos Sampaio admitiu que foi mais uma vez à Cuiabá, além da viagem na comitiva oficial. Ele disse que a viagem era do conhecimento do presidente da CPI, José Carlos Biscaia (PT-RJ). Também confirmou que usou o jatinho particular de um amigo, sem citar o nome.
“Não há investigação paralela”, garante Sampaio, ao mesmo tempo que diz que não quer “passos lentos” nas investigações. Segundo ele, existe um “viés político-partidário nas investigações, procurando afastar o Palácio (do Planalto) das investigações”.
De Brasília
Márcia Xavier