Moradores do Quilombo Silva comemoram desapropriação

O primeiro fim de semana dos moradores do Quilombo Silva, após a notícia da desapropriação da área em que vivem há mais de 40 anos, foi marcado por alívio e expectativa. A comunidade afrodescendente que lutou pelo reconhecimento do primeiro quilombo ur

“Ainda estamos em clima de comemoração. Mas queremos ter a garantia em mãos de que ficaremos mesmo aqui”, destacou a vice-presidente da Associação Comunitária Remanescente do Quilombo Família Silva, Rita da Silva.


 


Localizado em uma das áreas mais nobres de Porto Alegre, na rua João Caetano, no bairro Três Figueiras, e cercado por modernos prédios e luxuosas mansões, o Quilombo dos Silva foi objeto de disputas judiciais durante mais de 20 anos.


 


Na área de 5,5 mil metros quadrados, vivem 60 moradores. No fim de semana, reuniram-se entidades, movimentos e vizinhos que acompanharam a luta travada durante as constantes ameaças de despejos.


 


Há um ano, a empregada doméstica Lígia Maria da Silva, de 50 anos, a mais velha integrante do quilombo, presenciou sua comunidade ser ameaçada de despejo, em função de uma reintegração de posse. A mãe de dois filhos e avó de três netos exibia ontem com orgulho a cópia do decreto, ampliado e emoldurado, assinado pelo presidente Lula na quinta-feira. “Só queremos que nossos filhos tenham segurança e condições dignas de viverem aqui', disse Lígia. A quilombola desabafou o sofrimento dos moradores ao longo dos anos quando eram barrados nos atendimentos públicos por serem moradores em situação irregular. 'Lutamos contra a especulação imobiliária e conseguimos vencer”, disse Lígia.


 


Morando em casas precárias, com esgoto a céu aberto e sem luz elétrica própria, os moradores enfrentam muitas dificuldades no local. “No inverno temos que esquentar a água no fogão para tomar banho”, contou Lígia. Mesmo assim, a alegria dos moradores com a desapropriação que lhes garantirá o direito de posse da terra podia ser vista no rosto de cada um.


 


“Não temos muita coisa, mas pelo menos continuaremos unidos”, disse o presidente da Associação Comunitária Remanescente do Quilombo Família Silva, Lorivaldino da Silva. Nascido no local há 46 anos, ele acredita que a vitória da família abrirá espaço para outras conquistas da comunidade negra brasileira.


 



Fonte: C POVO NET