“Nunca ouvi falar no Vedoin”, diz Barjas Negri (PSDB)

Barjas Negri (PSDB), atual prefeito de Piracicaba (SP) e ministro da Saúde durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, negou envolvimento com a empresa Planam, de Luiz Antônio Vedoin, e a Máfia dos Sanguessugas em depoimento à CPI que investiga o a

O tucano afirmou, antes de entrar para prestar depoimento, que não tem nenhuma ligação com o empresário Abel Pereira e que essa suposta ligação surgiu por conta da denúncia do empresário Luiz Antonio Vedoin, que em depoimento à Polícia Federal declarou que o ex-ministro mantinha ligações com o empresário.


 


Negri ressaltou que nunca teve contato com Vedoin. “Nunca ouvi falar no Vedoin”, disse. O ex-ministro disse que as fraudes no Ministério da Saúde, que ocorreram durante a sua gestão, foram descentralizadas, aconteceram em prefeituras e que ele não tinha conhecimento das irregularidades.


 


Depoimento


 


Negri explicou aos parlamentares como funcionava a liberação de recursos para aquisição de unidades móveis na sua gestão, durante o Governo Fernando Henrique. Segundo ele, as verbas eram repassadas às prefeituras após a assinatura de convênios.


 


Negri informou que até 1,5% do Orçamento do ministério se destinava aos convênios com as prefeituras para compra de ambulâncias. Em 2002, quando Negri ocupava a pasta, foram assinados pouco mais de 600 convênios. A prática foi mantida no atual governo e esse número chegou a quase 1,5 mil no ano passado. “Houve um salto desde então”, constatou.


 


O ex-ministro afirmou que durante sua gestão foram liberados R$ 150 milhões para a compra de ambulâncias, o que, ainda segundo ele, representaria a metade dos recursos liberados durante o os três primeiros anos do governo Lula. Informou também que as ambulâncias foram aprovadas no final do mandato por questão de prioridades. De acordo com ele, no começo do governo de Fernando Henrique Cardoso, a prioridade foi o término de obras inacabadas. Depois, a aquisição de equipamentos e, enfim, a aquisição de unidades móveis.


 


O debate ficou quente quando a relatora, Vanessa Grazziotin (PCdoB–AM), repetiu a Barjas Negri a pergunta que Lula fez a Alckmin no primeiro debate, sobre 215 contratos irregulares pelo Tribunal de Contas do Estados de São Paulo (TCE) quando Negri era presidente da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU). Barjas alegou que a pergunta buscava dar viés político à CPI.


 


Grazziotin perguntou ainda sobre acusação dos Vedoin de que o empresário Abel Pereira, ligado a Negri, cobraria de 3 a 6,5% de propina para liberação de recursos do Ministério da Saúde para a compra de ambulância. Barjas disse que isso “é o que consta de um dossiê que o PT tentou comprar por R$ 1,7 milhão. O Sr. Vedoin certamente estava pagando a fatura”.


 


Esclarecimentos


 


A CPI quer esclarecer as denúncias de envolvimento do Ministério da Saúde no esquema de compra superfaturada de ambulâncias.


 


Segundo avalia o relator da CPI, senador Amir Lando (PMDB-RO), o foco das investigações deve ser o esquema de superfaturamento de ambulâncias. O episódio da compra de um dossiê contra candidatos, segundo ele, será investigado, mas com cuidado para evitar que uma eventual politização do assunto contamine o restante dos trabalhos.


 


“Estamos trabalhando em cima de um fato determinado, relativo a vantagens ilícitas auferidas a partir das emendas na área da Saúde. O fato conexo [o dossiê] está sendo devidamente investigado pelo Ministério Público, pela Polícia Federal e pela Justiça”, disse Lando.


 


 “A CPI tem de avançar no seu objeto e evidentemente também apurar o que está sendo investigado por essas instituições, na medida em que possa dar uma contribuição à verdade”, completou.


 



Vedoin


 


O empresário Luiz Antonio Vedoin depõe nesta terça-feira (7) no Conselho de Ética da Câmara. O depoimento estava marcado para as 14h30. Há pouco, o advogado do empresário solicitou que a sessão acontecesse a portas fechadas mas o pedido foi recusado pelos parlamentares. O dono da Planam, que admitiu ter pagado propina a parlamentares em troca da inclusão, no Orçamento, de emendas para aquisição de ambulâncias, fala como testemunha nos processos dos  67 deputados acusados de envolvimento no esquema de fraudes na saúde.


 


O presidente do conselho, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), havia anunciado a realização do depoimento nas dependências da Polícia Federal em Brasília; mas, como o empresário conseguiu um habeas-corpus na semana passada, o depoimento ocorrerá na própria Câmara dos Deputados (no plenário 11, às 14 horas).


 



Fonte: Último Segundo com Congresso em Foco