Vanessa acompanha greve de médicos residentes da Ufam

Médicos residentes da Ufam fazem passeata e greve afeta atendimento no Getúlio Vargas.

 A população precisará esperar mais do que o normal para ser atendida no Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV). O motivo é a greve dos médicos residentes da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), deflagrada neste fim de semana, no domingo, quatro dias após o início do movimento nacional. Junto com os médicos da instituição, eles consultam, auxiliam no atendimento ambulatorial, enfermaria e na realização de cirurgias.


            Está marcado para às 9h desta terça-feira (dia 7), uma passeata na entrada do HUGV, nas proximidades na avenida Boulevard Álvaro Maia, Zona Centro-Sul. Na assembléia realizada ontem, segunda-feira dia 6, ficou decidido ainda a elaboração de um documento a ser encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF) denunciando as precárias condições de trabalho dos residentes no hospital e outras reivindicações. Os residentes também atuam em outros hospitais de Manaus, como o Francisca Mendes, Adriano Jorge e Alfredo da Matta.


            Os residentes pedem, sobretudo, explica o médico residente Davi Cristóvão, vice-presidente interino da Associação dos Médicos Residentes do Amazonas (AMRAM), melhores condições de trabalho, já que na rede pública federal falta de medicamentos, aparelhos a materiais para cirurgias. Também reivindicam maior atenção dos preceptores, médicos especialistas que coordenam o trabalho dos residentes, mas que, segundo eles, na maioria das vezes esse acompanhamento é feito por telefone.


            Em documento produzido na primeira assembléia, os residentes defendem ainda o respeito as 60 horas de trabalho semanais e o reajuste da   bolsa, hoje em R$ 1.474,18 (valor bruto sobre o qual incide desconto de R$ 162,16 do INSS). O movimento atinge cerca de 60% dos 154 médicos residentes no Amazonas e, no País, aproximadamente 70% dos 17,8 mil residentes, universo registrado pela Associação Nacional dos Médicos Residentes.


            A deputada federal Vanessa Grazziotin (PCdoB) está acompanhando o movimento, mantendo contato com a Associação Nacional dos Médicos Residentes, com a mobilização local para intermediar as reivindicações junto ao governo federal.   Uma das ações que estão sendo trabalhadas, informou a assessoria da parlamentar na assembléia dos residentes, é promover uma discussão sobre o assunto na Câmara dos Deputados.


            Vanessa, durante seus mandatos na Câmara Federal, tem buscado o fortalecimento do ensino na Ufam, instituição referência na região na formação de mão-de-obra especializada. A parlamentar é formada pela Ufam e tem sua história política e de militância social iniciada no movimento estudantil. Nos últimos anos, Vanessa apresentou emendas ao Orçamento da União para ampliar os investimentos da instituição e um melhor atendimento no HUGV.


            O vice-presidente da AMRAM cita alguns exemplos da precariedade do atendimento no HUGV: “Há casos em que existe o equipamento novo na caixa e falta especialista para operá-lo. Em outros, aparelhos estão quebrados há meses, como no serviço de endoscopia do HUGV, que tem médico para realizar o exame, mas a máquina está com problema há mais de seis meses”, relata Davi.


           


Formação  


Na assembléia desta segunda-feira, a maioria dos mais de 50 médicos residentes que participaram do ato demonstrou a preocupação com a formação profissional. Davi explica que devido às condições de trabalho precárias, o médico conclui sua residência com boa formação, mas com dificuldades, já que tem que conviver com as limitações da instituição. “Esse é um problema nacional que se arrasta há anos”.


            O vice-presidente da AMRAM explica que os médicos residentes atuam em todas as etapas do atendimento ao paciente e que, em muitos casos, o volume coberto pelo hospital se deve ao trabalho do residente. “No ambulatório de reumatologia, por exemplo, chega-se a atender média de 60 pacientes por dia. Esse trabalho costuma ser feito por um ou dois médicos e outros cinco residentes”, afirma.


 


 De Manaus,
Hudson Braga.