Vedoin reafirma propina na era tucana; Negri nega

Luiz Antonio Trevisan Vedoin (foto à direita), sócio da Planam e chefão da máfia das sanguessugas, depôs nesta terça no Conselho de Ética da Câmara. Ele reafirmou que o empresário Abel Pereira, ligado ao tucanato, recebia propina de 6,5% sobre emendas

Abel não era funcionário da Saúde. Tampouco era ligado a congressistas. O que o vinculava à Saúde tucana era um elo com o ex-ministro Barjas Negri (foto à esquerda). Secretário-executivo do ministério sob José Serra, Negri virou ministro em 2002, quando Serra deixou o governo para disputar o Planalto.


 


Segundo Vedoin, “todas as emendas que Abel intermediava foram executadas”. O chefão das sanguessugas disse que não sabe se Abel repassava ao ministro os agrados que recebia em troca da liberação de emendas: “Sei que ele tinha relação com o ministro, mas não tenho conhecimento se ele repassava o dinheiro.”


 


Barjas Negri, hoje prefeito de Piracicaba (SP), também esteve no Congresso. Prestou esclarecimentos, na condição de “convidado”, à CPI das Sanguessugas. Repetiu o que vinha dizendo. Negou envolvimento com a compra superfaturada de ambulâncias. Disse que não tem ligações nem com a família Vedoin nem com Abel Pereira.


 


O ex-ministro tentou fazer uma distinção entre as fraudes na gestão dos recursos destinados ao setor da saúde e as acusações contra o ministério. Insinuou que, se houve irregularidades, elas aconteceram fora de sua pasta: “Há apenas uma denúncia dos Vedoin em relação a fraudes na saúde e não no ministério. Não tive envolvimento nem houve fraude nem corrupção na minha gestão.”


 


A denúncia repisada por Vedoin na Corregedoria da Câmara encontra-se sob investigação da Polícia Federal de Mato Grosso. O sócio da Planan formalizou a acusação em representação protocolada no Ministério Público, em setembro. Ele anexou à representação comprovantes bancários dos repasses que diz ter feito a empresas de Abel Pereira. A PF tenta comprovar os repasses. Depois, tentará confirmar as ligações do empresário com Barjas Negri.


 


Na sessão desta terça, a CPI das Sanguessugas deveria ouvir também explicações do ex-ministro José Serra. Porém, ele fugiu das explicações e ignorou o “convite” da comissão. Em viagem a Washington (EUA), alegou que não poderia comparecer. Se quiser, a CPI tem poderes para transformar o “convite” a Serra em convocação. A grande dúvida é se a bancada governista, majoritária na comissão, terá interesse em convocar um Serra que, eleito governador de São Paulo, é cortejado abertamente por Lula.


 


Fonte: Blog do Josias