Artigo: O IDH do Brasil pode dar um salto a curto prazo*

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil divulgado no Relatório do Programa para o Desenvolvimento Humano (Pnud), das Nações Unidas,  aponta o nosso país com uma pequena melhora entre 2

São três os quesitos que compõem o cálculo do IDH – renda per capita, educação e saúde (esperança de vida). Para melhorar harmonicamente o IDH do nosso país precisamos crescer em todos os três quesitos, mas neste artigo quero ater-me a questões relacionadas à saúde.


 


A esperança de vida no Brasil em 2004 atingiu 71,7 anos ao nascer e estamos no 82° lugar e em 99° em mortalidade infantil. No contexto latino americano e caribenho, o Brasil encontra-se em posição inferior a países como Costa Rica, Chile, Cuba, México, Porto Rico, Uruguai, Guiana Francesa, México, Panamá, Argentina, Venezuela, Colômbia e Belize.


 


Um dos problemas a ser enfrentado pelos nossos governantes para a melhoria da saúde e, consequentemente, o aumento da longevidade das pessoas, é a questão do saneamento básico nos cinturões favelados dos grandes centros urbanos e também nas pequenas comunidades.


 


A proliferação de esgotos a céu aberto poluindo córregos, rios, lagos, lençol freático, praias e também o ar que respiramos, provenientes de unidades residenciais sem infra-estrutura para escoamento e tratamento dos dejetos, constitue-se em focos de degradação ambiental e de doenças para as pessoas. Investir em saneamento básico é, portanto, uma prioridade para a melhoria do IDH do Brasil, e também um dos pilares para o desenvolvimento econômico sustentável.


 


O desenvolvimento econômico sustentável deve levar em conta uma melhor distribuição da renda, a utilização dos recursos naturais sem a degradação ambiental e uma boa qualidade de vida para todas as pessoas.
Sabemos quanto altos devem ser os recursos para os investimentos necessários no saneamento básico. Por isso, enquanto parte dos orçamentos Federais, Estaduais e Municipais seriam destinados a esse tipo de investimento, utilizando-se de técnicas mais modernas para tratamento de água e esgoto, uma parte menor dos recursos poderia ser destinada a sistemas alternativos e de menor custo para darmos início a uma operação “tirar o pé da lama” para milhões de pessoas, sem a conotação de uma solução definitiva para as grandes metrópoles, que na medida do possível devem ter todos os seus bairros interligados em sistemas modernos de saneamento básico.


 


Refiro-me à construção de centenas de milhares de biodigestores, que 1 “embora concebidos primordialmente como fonte de energia e de fertilizantes orgânicos para produtores rurais, pode ser enfocado como um sistema de tratamento de esgotos humanos para pequenas comunidades urbanas”, podendo ser construídos nos cinturões favelados das grandes e médios cidades e regiões metropolitanas, como em pequenas comunidades, em particular no interior do  Nordeste brasileiro, onde a temperatura mais quente é mais adequada  ao bom funcionamento do sistema.


 


Um único biodigestor, a depender das suas dimensões, pode servir a algumas dezenas de casas ou até mesmo a um bairro inteiro e, neste caso,  além do seu objetivo principal que é o tratamento do  esgoto residencial, produz o biogás (não poluente) para fogão de cozinha que pode ser usado por  parte das unidades interligadas e também o fertilizante orgânico ou biofertilizante a ser comercializado pela própria comunidade.
Muitos países usam essa tecnologia simples e barata. Mas, é na China onde existe hoje a maior quantidade de biodigestores em atividade, aproximadamente oito milhões de unidades. A Índia possui 300 mil. No Brasil, poderíamos multiplicar por 30 o número de biodigestores em funcionamento. Temos aproximadamente 100 mil.


 


Com a palavra o presidente Lula em seu novo mandato e os governadores eleitos, em particular os do nosso sofrido Nordeste.


 


1- Biodigestores anaeróbicos – Wikipédia


 


*Antonio Barreto de Souza
Pedagogo, Técnico em Segurança e Higiene Industrial, Membro do Comitê Estadual e Municipal de Salvador do PCdoB  e da Direção do Centro Integrado de Formação Loreta Valadares     –     
barreto_ln@uol.com.br