Maria Felicidade – Uma História de Lutas

Maria Felicidade Silva nasceu em 10 de julho de 1927, na cidade de São Sebastião do Rio Preto/MG – à época, distrito de Conceição do Mato Dentro. Mudou-se com a família para Nova Lima em 1936. Nestes 70 anos, constr


Maria Felicidade Silva nasceu em 10 de julho de 1927, na cidade de São Sebastião do Rio Preto/MG – à época, distrito de Conceição do Mato Dentro. Mudou-se com a família para Nova Lima em 1936. Nestes 70 anos, construiu sua vida e educou sua família de 8 filhos e 11 netos com muita luta e trabalho.


 


A Segunda Guerra Mundial, 1939 a 1945, mudou a face do mundo. O Brasil participou da guerra contra os fascistas. Terminado o conflito, a opinião pública brasileira rejeitava a ditadura do Estado Novo. Vargas acabou afastado do governo pelos militares em 1945, ano em que filia-se ao Partido Comunista do Brasil, aos dezoito anos, a camarada Maria Felicidade.


 


Mesmo com o partido na ilegalidade e seus membros sendo caçados pela polícia, Maria manteve-se firme. Atuante nas lutas do Sindicato dos Mineiros – entidade fundada pelos comunistas, em 1932, que representa os interesses dos trabalhadores desta que ocupava a posição de segunda maior extratora de ouro do mundo, a Mineração Morro Velho – estava sempre presente nas discussões com os trabalhadores no sindicato e na mina.


 


Organizou e coordenou o Movimento de Mulheres, reunindo e garantindo a participação feminina nas atividades sociais. Propôs e ajudou a realizar a Marcha Sobre Belo Horizonte, onde dezenas de trabalhadores, muitos acompanhados de suas famílias, realizaram marcha até a capital mineira reivindicando a Indenização Por Trabalho Insalubre – indenização que hoje é direito de todos os que trabalham em situações de risco.


 


No início da década de 50, os trabalhadores das minas, sob a liderança dos comunistas de Nova Lima, iniciavam a luta dos que sofriam com a silicose – doença causada pelo acúmulo de sílica nos pulmões, é irreversível, não apresenta sintomas na sua fase inicial, desenvolve-se durante décadas e leva à morte por asfixia. A silicose matou milhares de trabalhadores e a cidade ainda hoje vive suas conseqüências.


 


Em 1964, os militares enviaram tropas para Nova Lima e mataram quase todos os camaradas que atuavam no partido e as principais lideranças do Sindicato dos Mineiros – os sobreviventes contam que os militares não tiveram pudor e realizaram verdadeiro massacre em praça pública. Segundo registros do sindicato, os militares chegaram à cidade no dia 30 de março de 64, um dia antes de tomarem o poder no resto do país. Com isso, o partido ficou inativo durante vários anos.


 


Em 2001, acontece a Conferência Municipal de Reconstrução do PCdoB, em Nova Lima. Além de eleger o novo Comitê Municipal, os comunistas novalimenses elegeram Maria Felicidade sua Presidente de Honra.


 


Firme na luta dos comunistas, Maria Felicidade completou 79 anos de idade e 61 anos de militância política. Nos deixou no dia 10 de novembro de 2006, após o segundo derrame cerebral. Exemplo de vida aos jovens camaradas, esta mulher reuniu em si o que espera-se dos homens de consciência, dos combatentes de vanguarda: coragem, perseverança, objetivo e luta. Maria Felicidade trouxe para a prática o que afirma o Hino Nacional Brasileiro: “Verás que um filho teu não foge à luta.”


 


 


Nova Lima, 16 de novembro de 2006.


 


Kátia Nunes.


PCdoB/Nova Lima – Secretária de Organização.