Ariano Suassuna estréia programa na TV com aula-espetáculo
A Câmara dos Deputados lança, nesta terça-feira (21), o projeto ''Personalidade'', uma grande entrevista com brasileiros de destaque, cujo conteúdo será reproduzido pelos veículos de comunicação da Câmara. O primeiro entrevistado da série é o dram
Publicado 20/11/2006 14:40
A entrevista – concedida em Recife à equipe dos veículos de comunicação da Câmara – rendeu um programa de uma hora de duração, que estréia na TV Câmara, no próximo domingo (26), às 20 horas.
A conversa do escritor com os jornalistas Cláudio Ferreira e Amneres Pereira e com a antropóloga Aparecida Nogueira estará disponível no dia seguinte (segunda-feira, 27) na Agência Câmara.
Os melhores momentos serão veiculados ainda pela Rádio Câmara e publicados pelo Jornal da Câmara.
Próximas edições
As próximas edições do Personalidade terão como convidados o iatista Lars Grael, o antropólogo Roberto DaMatta e o economista Luciano Coutinho. A proposta do Personalidade é discutir a sociedade brasileira a partir de personalidades de renome nacional.
Artistas, diretores, professores universitários, pensadores e quaisquer pessoas que se destaquem em suas áreas de atuação irão expor suas idéias em relação ao Brasil, seu diagnóstico da realidade nacional e sua reflexão sobre os melhores caminhos a tomar.
Cultura popular
Ariano Suassuna, dramaturgo, romancista, poeta, ensaísta, defensor da cultura popular e das raízes brasileiras, especialmente a nordestina, tem 79 anos e nasceu em João Pessoa (PB). Em 1946, aos 19 anos, entrou para a Faculdade de Direito do Recife, onde conheceu um grupo de escritores, atores, poetas, romancistas e pessoas interessadas em arte e literatura, entre os quais Hermilo Borba Filho, com o qual fundou o Teatro de Estudantes de Pernambuco.
Em 1947, escreveu sua primeira peça de teatro, ''Uma mulher vestida de sol'', baseada no romanceiro popular do Nordeste. Com ela ganhou o prêmio Nicolau Carlos Magno, em 1948. Em outubro de 1970 lançou o Movimento Armorial, com o concerto ''Três séculos de música nordestina: do barroco ao armorial'', na Igreja de São Pedro dos Clérigos, e uma exposição de gravura, pintura e escultura.
De 1975 a 1978 foi secretário de Educação e Cultura do Recife. Doutorou-se em História pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em 1976. Foi professor na UFPE, onde ensinou Estética e Teoria do Teatro, Literatura Brasileira e História da Cultura Brasileira, por 32 anos.
Em agosto de 1989 foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, na cadeira número 32, que pertenceu ao escritor Genolino Amado. É autor, entre outras obras, de ''Auto da Compadecida'' (1955); ''O santo e a porca'' (1957) e ''Romance da pedra do reino e o príncipe de Sangue do Vai-e-Volta'' (1971, traduzida para o inglês, alemão, francês, espanhol, polonês e holandês).
Pensamentos de Suassuna
Lula: ''Pela primeira vez, um homem do povo do Brasil real atingiu a Presidência da República''.
América Latina: ''Acho que é uma coisa fundamental o fato de (Hugo) Chávez partir de Bolívar, que, para mim, é o maior homem da América Latina. O meu sonho de união latino-americana segue a linha do sonho de Bolívar''.
Língua Portuguesa: ''Traduzir goalkeeper por goleiro eu acho que foi um progresso, uma aquisição. Com isso, a língua se enriquece e não se deturpa, não se vulgariza, não se corrompe''.
Influência cultural estrangeira: ''A boa arte estrangeira, eu não tenho nada contra ela. Eu falo mal é contra o lixo cultural que querem nos apresentar como modelo, como parâmetro. Querem a uniformização da cultura e querem que eu ache que uniformização da cultura é universalização da cultura. Não é''.
Formação do Brasil: ''A América de fala hispânica se fragmentou toda. E o Brasil ficou nessa unidade. O Brasil se tornou essa unidade entusiasmadora de contrastes que é hoje graças a uma jogada política habilíssima, uma jogada de Sancho, de um misto de Sancho e Dom Quixote que era José Bonifácio, que, contrariando os radicais da época, deu um estalo e disse: ''A independência do Brasil deve ser feita pelo herdeiro da Coroa Portuguesa''.
Obra: ''Eu me baseei em três folhetos da literatura da cordel (para escrever o Auto da Compadecida). O primeiro ato é baseado num folheto chamado O Enterro do Cachorro. O segundo ato é baseado noutro folheto, chamado O Cavalo que Defecava Dinheiro. Na peça, eu transformei num gato por motivos óbvios, porque era muito difícil você botar um cavalo no palco. E o terceiro ato é baseado num terceiro folheto, chamado O Castigo da Soberba.''
Fonte: Agência Câmara