FHC: ''Não tenho nada para conversar com Lula''

A conversa do sábado entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), gerou mais declarações contraditórias nesta terça-feira (21). Indagado por um tucano sobre um possível encontro com Lula, cogitado durante

A conversa entre Lula e Virgílio ocorreu no avião presidencial, onde o líder tucano pegou uma carona de Três Lagoas para Brasília, depois do enterro do senador Ramez Tebet (PMDB-MS). Lula cogitou reunir-se com os oposicionistas, em torno de uma agenda mínima, e até a criação conselho de ex-presidentes da República, que incluiria FHC.



Agripino recusaria a carona



Outros oposicionistas descartaram a hipótese. O líder do partido no Senado, José Agripino Maia (RN), adiantou que não irá ao Planalto, e que qualquer tratativa entre governo e oposição terá que ser feita no Congresso. Antes, afirmou que se estivesse na situação de Arthur Virgílio não aceitaria a carona de Lula.



Já o  presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), discordou. Para ele, seria falta de ''civilidade'' recusar o convite presidencial. ''Conversar é uma coisa. Adesismo e cooptação é outra, e isso não aceitamos'', explicou. Mas disse, ao desembarcar em Brasília nesta terça-feira, que conversaria com o presidente da República, embora ''só como presidente do PSDB''.



Para Tarso, ''um novo patamar''



O governador eleito de São Paulo, José Serra, disse que seu governo que está à disposição do presidente  para conversar a respeito de temas nacionais. O governador reeleito de Minas Gerais, Aécio Neves, concordou e também considerou ''natural'' a conversa entre Lula e Virgílio, esclarecendo que ''não se trata de conciliação'' mas de diálogo. Os dois são os tucanos em posições mais proeminentes desde as eleições de outubro.



Para o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, ''a avaliação que o presidente tem é que há um novo patamar hoje de relacionamento entre governo e oposição'', o que explicaria o aceno de Lula. Já as oposições, a julgar pelas reações divergentes ao episódio, têm maior dificuldade para se posicionar diante do cenário pós-eleições.



Virgílio, em nota, desmente repreensão



Arthur Virgílio divulgou nota onde nega ter sido repreendido por FHC como noticiou o Estado. ''Não houve absolutamente nada disso'', afirma o texto. ''Nosso relacionamento é muito respeitoso, fraterno e solidário'', assevera. Segundo a nota, Virgílio apenas relatou ao ex-presidente, ''num telefonema muito cordial'', a conversa que teve com Lula.



A reportagem do Estado, na segunda-feira, cita ''amigos'' do ex-presidente para afirmar que este repreendeu Virgílio. ''Fernando Henrique teria dito ainda a amigos que o convite 'é uma bobagem' e teria considerado imprópria a divulgação do encontro'', diz o jornal. E cita uma frase do senador Álvaro Dias (PSDB-PR): “Não há necessidade de quem perdeu a eleição se jogar nos braços do governo”.



Com agências


 


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