Internet triplica no Brasil, mas livrarias encolhem

Apenas 16,4% dos municípios tinham provedores para conexão à rede mundial de computadores em 1999; agora eles estão em 46% das cidades

Em sete anos, a internet triplicou, mas as livrarias recuaram no Brasil, mostra a Munic 2005, pesquisa sobre municípios divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De 16,4% dos municípios com provedores em 1999, o país chegou a 2005 com 46% (2.560) de suas cidades hospedando servidores de conexão à rede mundial de computadores.


 


O aumento foi de 206,7%, o que coloca a web como o equipamento cultural/meio de comunicação que mais se expandiu no período. Na outra ponta do ranking, ficaram as livrarias: presentes em 35,5% dos municípios em 1999, caíram para 30,93% (1.721) em 2005, diminuição de 11,4%, último lugar entre 13 itens.


 


Para os pesquisadores do IBGE, o recuo das livrarias não significa que os brasileiros consumam menos livros. 'O decréscimo (…) pode ser justificado pelo redirecionamento da distribuição de livros por diferentes formas, como lojas multimídia, supermercados, bancas de jornais, distribuição pelo governo, ou seja, o ritmo da produção de livros no país não acompanha necessariamente a evolução da presença de livrarias nos municípios brasileiros', diz o estudo.


 


Surpresas


Houve recuo na proporção de municípios com livrarias entre 1999 e 2005 em 18 Estados, entre eles São Paulo (menos 17,5%), Minas Gerais (menos 19,2%) e Rio Grande do Sul (menos 16,6%). Em outros oito Estados, mais o Distrito Federal, houve aumento. Um deles foi o Rio: crescimento de 8,6%. A pesquisa também apurou que 69,07% das cidades, em 2005, eram desprovidas de livrarias, e 68,95% não tinham unidades de ensino superior.


 


A Munic 2005 também encontrou alguns dados que surpreendem positivamente na área cultural. Por exemplo, a existência, no ano passado, de bibliotecas públicas em 85% dos municípios, o que as torna o equipamento cultural mais presente no País. 'Consideramos pública toda biblioteca aberta ao público, não necessariamente municipal', explicou Vania Maria Pacheco, gerente do projeto Pesquisas de Informações Básicas Municipais. Somente 840 municípios (15%) não têm bibliotecas; 3.984 têm uma (71,6%), 674 (12,11%), de duas a cinco; e 64 (1,15%), seis ou mais.


 


Outros dados, porém, sugerem que o país passa por uma espécie de apagão cultural. O estudo diz que, em 2005, 90,94% das cidades (5.060) não contavam com cinema; 362 (6,5%) tinham uma sala de projeção; 102 (1,83%) de duas a cinco; e 39 (0,7%), seis ou mais. O quadro é semelhante nos museus. No ano passado, eram 4.425 cidades (79,52%) sem sequer uma dessas instituições; 882 (15,85%) tinham um; 221 (3,97%), de dois a cinco; e 34 (0,61%), seis ou mais.