Equador: “Vitória é irreversível”, diz Rafael Correa

No dia da votação que define o próximo presidente do Equador, o candidato nacionalista, Rafael Correa , expressou que sua vitória é irreversível. Mas voltou a advertir que o povo “deve ficar atento” diante de uma possível tentativa de fraude.

“Este será um dia histórico, de esperança, de alegria. O povo vencerá”, disse Correa em uma coletiva à imprensa na sede de seu partido, Aliança País, depois de votar neste domingo (26/11) em Quito. “A diferença é tão grande que até com uma fraude será impossível revertê-la”, acrescentou, ao se referir ao seu adversário, o multimilionário Alvaro Noboa.


 


Apesar de ser aliado incondicional dos Estados Unifos, Noboa disse que “toda a República o apóia”, pelo qual acredita que será o “presidente dos pobres”. “Peço a Deus, aqui com a Bíblia em mãos, que me guie para trabalhar em favor dos pobres”. Os equatorianos foram às urnas após uma década de instabilidade política no país. O pleito. Nenhum dos três últimos presidentes eleitos chegou ao final do mandato, derrubados por revoltas populares que levaram a sua destituição pelo Congresso.


 


A votação começou às 12 horas locais (10 horas em Brasília) e será encerrada às 22 horas 20 horas em Brasília). Correa, de 43 anos, lidera as últimas pesquisas com entre sete e dez pontos de vantagem sobre Noboa. A votação e os primeiros resultados oficiais só devem sair na terça-feira, mas o TSE autorizou a publicação das pesquisas de boca-de-urna.


 


Tribunal sem garantias
Correa, que votou no norte de Quito, advertiu para “sérios riscos de irregularidades” nesta eleição, “já que o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) está totalmente entregue a Alvaro Noboa. É um tribunal que não garante nada”. “Se houver fraude e aceitarmos o resultado seremos cúmplices da corrupção”, advertiu o candidato do movimento Alianza País.


 


Correa citou a prisão de um militante do partido de Noboa detido quando se fazia passar por um mesário em uma seção eleitoral – e acusou o TSE de permitir este tipo de irregularidade. O presidenciável disse que só reconhecerá sua derrota se houver transparência nas eleições.


 


Comemorou também a saída do chefe dos observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA), o ex-chanceler argentino Rafael Bielsa, a quem acusou de “parcial” e de ter encoberto irregularidades no primeiro turno, em 15 de outubro. No sábado, o secretário-geral da OEA, o chileno José Miguel Insulza, chamou Bielsa a Washington para receber “toda a informação relativa” às eleições no Equador.


 


As condições de voto
O presidente Alfredo Palacio já pediu a Noboa que aceite qualquer resultado que vier das urnas. Mas o candidato conservador, sempre com a Bíblia na mão, afirmou ser alvo de uma “guerra suja do Diabo”, ao impedir que a imprensa o filmasse votando em Guayaquil.


 


Noboa, candidato pelo Partido Renovador Institucional Ação Nacional (Prian), venceu o primeiro turno com 26,8% dos votos – contra 22,8% para Correa, contrariando as pesquisas na ocasião.


 


O protesto em uma localidade da província de Azuai e outros problemas habituais, como o atraso na abertura dos colégios eleitorais devido à ausência de mesários, marcaram o início das eleições presidenciais no Equador. O maior contratempo foi registrado na cidade de Victoria de Portete, em Azuai, onde os moradores impediram a entrada de eleitores na escola em que funciona a sessão eleitoral da região.


 


Anseio por reformas
Os moradores da cidade exigem que as autoridades realizem algumas obras de infra-estrutura que haviam se comprometido a fazer, mas que não chegaram a começar. A polícia foi enviada ao local, mas evitou confrontos com os manifestantes, que queimaram pneus e madeiras na estrada que leva à localidade.


 


Em alguns dos colégios eleitorais de Cuenca, segundo os jornalistas, havia mais delegados dos partidos políticos que mesários. O clima era de irritação e indignação entre os eleitores que tinham comparecido cedo aos locais de votação. As mesas eleitorais são formadas por pessoas designadas pelo TSE (Tribunal Supremo Eleitoral).


 


Só que, na ausência dos titulares, os militares que custodiam as urnas podem designar qualquer eleitor que comparecer cedo ao local de votação para exercer a função de mesário. Isto faz com que muitas pessoas evitem votar no horário de abertura das sessões, já que é freqüente a ausência de mesários.


 


Por outro lado, em uma zona eleitoral de Quito, a polícia deteve uma pessoa com um colete de uso exclusivo dos membros do TSE, mas que não apresentou nenhuma credencial do órgão. Segundo denunciaram os fiscais da Aliança País, o homem detido é ligado ao Prian, de seu oponente.