AEPT: reserva de petróleo pode acabar em 20 anos
O presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPT), Fernando Leite Siqueira, disse que permitir a exportação do petróleo brasileiro é “um crime contra a soberania, contra a existência do Brasil como país soberano”.
Publicado 27/11/2006 16:33
Ao participar de um dos painéis da Conferência Internacional dos Biocombustíveis, em Brasília, ele lembrou que as reservas brasileiras de petróleo somam 14 milhões de barris e que as estimativas indicam que o volume pode chegar a 20 milhões de barris. “Nesse ritmo, em menos de 20 anos o petróleo brasileiro vai acabar. Em cerca de 10 anos, se o Brasil não crescer, a curva de produção vai passar para o ponto máximo e o país voltará a ser importador”, comentou. Para Siqueira, ao permitir a exportação de petróleo o governo brasileiro “abre mão de um bem” e terá que importar o barril por preços superiores a 100 dólares.
As projeções divulgadas por ele indicam que o petróleo pode ser comercializado a 100 dólares por barril em 2010, cotação classificada pelo executivo como “muito provável”. “Se o governo brasileiro tivesse uma visão estratégica, ele estaria, nesse momento, procurando alongar ao máximo a existência do petróleo nacional e investir pesadamente nas empresas nacionais para produção de energia alternativa para substituir o petróleo”, disse.
Soja
Mesmo sugerindo ao governo que incentive a produção de energias alternativas, Siqueira criticou o “cartel internacional da soja”. O produto é uma das matérias-primas que podem ser usadas na fabricação de biodiesel. “Esse cartel tenta dominar o território brasileiro. Nós podemos ter o grave problema da monocultura predatória em detrimento da produção de alimentos para a população brasileira”, afirmou.
Ele disse que não é ideal transformar o Brasil em um “canteiro único da soja”. E defendeu o ingresso de capital estrangeiro no país de forma “disciplinada”. Siqueira contou que os europeus estão desembarcando no Brasil para comprar terras para cultivo de cana-de-açúcar. “Se o produtor brasileiro não tiver apoio ou reserva de mercado, ele não terá a menor chance de concorrer”, completou.
Com agências