Noruega quer fim de política liberalizante do Bird e do FMI

A Noruega, maior doador global de ajuda per capita, pressionou o Banco Mundial (Bird) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) a parar de condicionar a concessão de créditos à adoção de políticas liberais e privatizações.

O ministro norueguês do Desenvolvimento Internacional, Erik Solheim, afirmou que os países beneficiados deveriam ter o direito de adotar políticas econômicas próprias ao invés de serem obrigados a implantar medidas liberalizantes e de privatização a fim de ter acesso à ajuda internacional. “Não estamos dizendo que as políticas econômicas liberais e a privatização são erradas”, afirmou Solheim, membro do partido Socialista de Esquerda (SV), em um seminário sobre o assunto. “Mas deveria caber a cada país – por meio de um debate democrático – fazer sua escolha. Essa escolha não deveria ser feita pelos credores ou instituições internacionais”, disse.


 



Segundo o ministro, as idéias sobre o que deveria ou não estar em mãos do Estado variavam em todo o mundo desenvolvido e, nos países pobres, acontecia, algumas vezes, de bens públicos cair em mãos de particulares devido à venda de patrimônio estatal. “As condições impostas a respeito de alguns padrões de desempenho econômico são naturais. Mas, talvez, os credores internacionais também devessem dar atenção a políticas que tenham impacto sobre o meio ambiente ou que se preocupem com a discriminação contra as mulheres”, afirmou Solheim. O ministro supervisiona a distribuição de quase 1% do Produto Interno Bruto (PIB) da Noruega gasto com a ajuda internacional.


 


Consenso de Washington


 


O grupo de ajuda humanitária Oxfam, que ajudou a organizar o seminário, disse que as políticas econômicas defendidas pelo FMI e o Banco Mundial, muitas vezes, minavam a capacidade de cada país de decidir seu futuro, atrasavam a distribuição de ajuda e não conseguiam beneficiar as camadas mais pobres da população. De acordo com o Oxfam, a liberalização do comércio de algodão no Mali, conforme determinado pelo Banco Mundial, havia sido desastrosa para os agricultores do país já que os havia exposto aos preços do mercado internacional em um momento no qual as cotações do produto caíam. James Adams, vice-presidente do Bird, disse que a instituição estava se tornando mais flexível e havia aprendido com a experiência de que os governos precisam se sentir responsáveis pelas políticas a fim de que funcionem.


 


Adams afirmou que o banco estava se afastando do “Consenso de Washington” e dos padrões de macroeconomia fixados por ele. A instituição favoreceria agora a adoção de planos feitos para cada país e capazes de “reforçar mudanças políticas em termos mais genéricos”, incluindo melhorias no setor público. A postura começou a dar resultados, disse Adams, já que uma política econômica mais eficiente ajudou muitos países da África a acelerar seu crescimento econômico nos últimos anos. “Mais de dez países da África estão crescendo mais de 5% ao ano, com a ajuda de políticas econômicas melhores e de governos mais responsáveis”, afirmou, no seminário, o vice-presidente do Banco Mundial.


 


Com agências