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Metalúrgicos do PCdoB definem agenda para 2007

Por Priscila Lobregatte


Sindicalistas da CSC, reunidos em São Paulo na última semana, debateram os rumos para a atuação unificada dos comunistas no meio metalúrgico. Dentre as definições saídas do encontro estão a formação de uma comissão auxil

A sala de reuniões da Comissão Política, na sede do PCdoB recebeu, na última quinta-feira (23),  pouco mais de trinta metalúrgicos ligados ao partido e à Corrente Sindical Classista. Dentre eles, representantes de sindicatos da categoria no Rio de Janeiro, Contagem, Betim, Manaus, Campinas, Volta Redonda, Bahia, Pernambuco, São José dos Campos, Caxias do Sul e São Paulo.




A reunião faz parte dos esforços do PCdoB e da CSC de buscar maior inserção entre os trabalhadores, bem como unificar a atuação dos comunistas no meio sindical. Além de tratar das perspectivas e desafios do segundo mandato do presidente Lula,  o encontro destacou pontos mais específicos da agenda para os próximos anos. “É importante que os metalúrgicos comunistas estejam inseridos também em lutas mais gerais, como a reforma política de caráter democrático, a derrubada da cláusula de barreira e a busca por um projeto nacional de desenvolvimento com base na soberania e na geração de empregos e renda”, explicou João Batista Lemos, secretário sindical do PCdoB.




“A inserção do partido ainda é pequena [no meio metalúrgico], mas houve ampliação de sua intervenção pelo país”, disse Andréia Diniz, diretora do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim. Buscando ampliar essa participação, a sindicalista vê como positivo o envolvimento dos trabalhadores da área com questões políticas mais gerais e não estritamente sindical. “Debatemos desde a política econômica até políticas públicas e levamos esses assuntos para dentro dos sindicatos. E isso nos aproxima dos trabalhadores porque eles também são cidadãos interessados nas questões nacionais”, disse Andréia.




Conforme analisou João Batista Cassiano, dirigente da Federação dos Metalúrgicos de Minas Gerais, “temos grandes possibilidades de crescer nessa frente, e para isso é preciso que haja uma política nacional de atuação para que esse conjunto de lideranças ligadas ao PCdoB possa ter uma orientação única”.




Propostas




Terminado o encontro, algumas indicações ficaram acertadas visando uma atuação mais unificada. Uma delas é a realização de um seminário nacional do ramo metalúrgico, em Volta Redonda (RJ), envolvendo os sindicatos, independentemente das centrais às quais estão filiados. Outra foi a intensificação da luta pela redução da jornada de trabalho para 40 horas – ou 36, para contemplar a divisão em turnos – sem a redução salarial. Também deverá ser feito um seminário de planejamento estratégico dos metalúrgicos. A preparação da bancada classista para o 7º Congresso da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da (CNM/CUT), que deve acontecer em junho de 2007, foi outro ponto fechado entre os sindicalistas. Ficou decidido ainda que os metalúrgicos da CSC deverão concentrar esforços nas eleições dos metalúrgicos de São Caetano do Sul, que acontece no começo do ano.




Por fim, foi criada uma comissão auxiliar, vinculada à Secretaria Sindical do PCdoB, responsável por pensar estrategicamente o trabalho dos metalúrgicos da CSC. Fazem parte do grupo Marcelo Toledo, Joel Batista, Roque Assunção, Eremi Melo, que integram a CNM, além de Maurício Ramos, do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro, Aurino Nascimento, Assis Melo, do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul (RS) e Uriel Vilas-Boas, metalúrgico de Santos.





Inserção e formação




Dentre as principais questões colocadas em pauta durante a reunião está a organização do PCdoB no meio sindical através da criação de comitês de base nas empresas, bem como na organização dos trabalhadores por bairro. Apesar das Comissões Internas para a Prevenção de Acidentes (CIPAs) e dos sindicatos, que tentam garantir a atuação engajada dos trabalhadores, Andréia Diniz explicou que persiste, por parte das empresas, a resistência ao movimento. Em alguns casos, permanece a relação promíscua entre a esfera governamental e o setor privado. “Ao trocar idéias com outros companheiros, observamos que ainda falta liberdade de atuação e há repressão por parte das empresas, muitas vezes reforçada pelos governos. Em Minas Gerais, por exemplo, onde o governo do PSDB acaba de ser reeleito, as empresas, além de suas próprias forças de repressão, contam com os instrumentos do estado”.




Também foi discutida a formação dos novos quadros do movimento metalúrgico recém-chegados ao PCdoB. Para isso, os sindicalistas presentes à reunião deliberaram sobre a importância de se utilizar mais o portal Vermelho como instrumento de informação e formação e, ao mesmo tempo, procurar investir numa publicação de massas que também cumpra o papel organizador dos trabalhadores. “Na maioria dos estados, constatamos que está em consolidação o crescimento das bases metalúrgicas comunistas. Isso ocorre dentro do processo de renovação de nossa  militância. Assim, o que precisamos agora é formar esses novos quadros que estão chegando”, disse Aurino Nascimento, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Bahia.




“Os metalúrgicos formam uma categoria estratégica, que setorialmente tem uma força muito grande na economia do país, principalmente nos setores automotivo e o siderúrgico. Precisamos ter organicidade nacional para que a nossa intervenção possa nos levar onde a gente merece”, disse Moacir Silveira, do Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco, citando que a meta, dentro da CUT, é reforçar a participação da CSC, que figura entre as principais forças dentro da Central.




Neste sentido, Aurino Nascimento lembrou que o momento é propício para que o PCdoB amplie sua área de influência e aumente sua inserção entre os metalúrgicos. “De um lado, a militância do PT está se dirigindo cada vez mais para um viés social-democrata.  Do outro, existe a Força Sindical, que é totalmente conservadora. Então, abre-se um espaço para a atuação dos comunistas. Daí a necessidade de qualificação de nossa base”.