Presidente do Sudão desmente genocídio em Darfur

Omar al-Bashir, presidente do Sudão, disse nesta quinta-feira em Cartum, capital do país, que “não há uma crise humanitária” em Darfur e que menos de 9 mil pessoas foram mortas durante os quatro anos de conflito na região.

Bashir repudiou as alegações dos últimos relatórios sobre a situação na região, rejeitou falar de genocídio e disse que a violência nasceu de tensões entre tribos rivais e pela seca.


 


Um relatório publicado na última segunda-feira pelas Nações Unidas descreveu a situação humanitária em Darfur como “a pior em dois anos”.


 


O relatório da ONU estima que pelo menos 200.000 pessoas tenham morrido pelo efeito combinado de guerra e fome, desde que o conflito nasceu, em fevereiro de 2003. Outras fontes alegam que o total de mortos é muito maior.


 


Números falsos


 


Na segunda-feira, por meio de uma vídeoconferência, Bashir afirmou que “os dados de 200.000 mortos são falsos e o número de pessoas que morreu ali não passa de 9.000”.


 


Todos os dados foram falsificados e a taxa de mortalidade infantil em Darfur não é maior que a de Cartum”.


 


Bashir acusou os países ocidentais de inflarem os números para justificar uma intervenção militar no Sudão.


 


Qualquer discurso sobre a deterioração da situação em Darfur é falso”, disse, alegando que somente 5 das 23 maiores cidades da região estão enfrentando problemas de segurança.


 


Os Estados Unidos acusam o governo de al-Bashir de “genocídio em Darfur” e pressionou as Nações Unidas para enviar tropas de manutenção de paz para a região.


 


O presidente sudanês recusou insistentemente as tentativas de substituir os observadores da União Africana atualmente estabelecidos em Darfur, acusado o ocidente de desejar invadir sua nação e roubar seus recursos naturais.


 


Ataques mortais


 


Correspondentes afirmam que autoridades do governo temem que a presença de tropas da ONU em Darfur possam acusá-los e levá-los a uma Corte Criminal Internacional.


 


Durante a coletiva de imprensa, al-bashir insistiu que o levante em Darfur foi resultado de disputas tribais, detonado pela seca e que tem sido explorado politicamente por países estrangeiros, como o Tchade.


 


Ao mesmo tempo, a mídia sudanesa reportou na terça-feira que 32 civis foram mortos em dois ataques no oeste do país.


 


As mortes não foram confirmadas pelo Centro de Mídia Sudanês, um serviço informativo online ligado ao governo.


 


Um dos ataques teria acontecito fora dos limites de Darfur, no estado ocidental de Kordofan, fazendo com que líderes locais e do governo afirmassem que os grupos rebeldes estariam procurando aumentar a extensão dos conflitos.