Governo Chávez comemora abstenção abaixo de 30%

A eleição presidencial deste domingo (3) na Venezuela pode ter um comparecimento superior a 70%, um recorde no país, onde o voto não é obrigatório. “Caso esta afluência de pessoas aos centros de votação continue, conseguiremos que a abstenção seja menor d

A baixa abstenção comemorada pelos chavistas, paradoxalmente, é fruto de uma relativa retomada da oposição conservadora na reta final da campanha eleitoral. Na tensa relação entre o governo, que denuncia como “comuno-castrista”, a oposição e a mídia que a acompanha chegaram a jogar a cartada do incentivo ao absenteísmo, no momento em que as urnas pareciam lhe reservar um resultado humilhante. Depois, como o candidato Manuel Rosales, governador de Zulia, conseguiu unificar as hostes oposicionistas e conduzir uma campanha hábil, voltou a apostar nas urnas.


 


Meta da oposição é perder de menos



Já os bolivarianos pró-Chávez reagiram fortemente ao ver os “escualidos” (termo pejorativo que se aproxima de “grãfinos”) de volta às ruas, numa manifestação de 200 mil pessoas em Caracas no dia 29. Revidaram com outra duas vezes maior e passaram a encarar o comparecimento maciço como uma questão de honra.
Com os dois lados empenhados em convocar o eleitorado, a abstenção deve cair bastante, embora ainda não haja dados de conjunto sobre o comparecimento. Quatorze candidatos concorrem à Presidência, mas Chávez e Rosales tendem a polarizar o resultado.



Nem os oposicionistas mais entusiasmados esperam uma derrota de Chávez, que figurou à frente em todas as pesquisas de intenção de voto durante a campanha. Uma baliza que tem sido levada em conta é o resultado do referendo revocatório de 2004, última contenda política nacional e decisiva entre bolivarianos e oposicionistas: nele, a abstenção foi de 30,08%, muito baixa para os padrões venezuelanos; o voto pró-Chávez chegou a 59,10% dos votantes, e o contra a 40,64%. A meta não confessada da oposição seria melhorar esse desempenho, perdendo de menos.



“Processo limpo e sem coações”



“Estamos muito satisfeitos com a forma como está transcorrendo a votação e plenamente convencidos de que é um processo limpo e sem coações, em um contexto de respeito a todos”, acrescentou o vice-presidente após votar numa seção na zona oeste de Caracas.



Rangel disse que podiam ser tiradas três conclusões do bom andamento das eleições. “A primeira é que a violência foi derrotada, a segunda é que também vamos derrotar a abstenção e a terceira é que o otimismo do povo venezuelano vai se impor”, declarou o vice de Hugo Chávez, que tenta a reeleição.



Insulto a Insulza



Rangel  disse que seu bom andamento contraria tanto os presságios de que as eleições seriam um desastre como os que negavam que houvesse normalidade no país. “O secretário-geral da OEA (José Miguel) Insulza chegou a ser insultado porque disse que o processo era normal, mas aqui está o exemplo da capacidade cívica e democrática dos venezuelanos”, disse Rangel.



A alusão a Insulza está relacionada aos ataques que este sofreu de um jornal de Caracas por afirmar que a campanha eleitoral venezuelana transcorria dentro da normalidade.



Rangel confirmou, após comunicar-se com todas as regiões da Venezuela, que “até agora nenhum problema foi registrado”. “Estou desde a madrugada em contato com todo o país e de todas as regiões chega a informação de que há absoluta tranqüilidade”, disse o vice.



Tranqüilidade total



A situação de normalidade foi confirmada pouco depois pelo ministro da Defesa, general-em-chefe Raúl Baduel, que disse que todo o sistema de segurança estabelecido para garantir o direito ao voto dos cidadãos está funcionando perfeitamente. “Não há nenhum elemento que tenha provocado alterações e desejamos que toda a jornada transcorra como até agora”, disse Baduel aos jornalistas.



Rangel também atribuiu o comparecimento em massa ao que “talvez seja o sistema eleitoral tecnologicamente mais avançado do mundo, e também o mais confiável, porque não há nenhuma possibilidade de fraude nem de que o sigilo do voto seja violado”.



“É possível que a Venezuela seja, neste momento, o país mais democrático da região e, talvez, do mundo, porque há garantias absolutas para todos”, disse Rangel, polemizando com os que enxergam em Chaéz uma “tendência autoritária”.



Com informações da agência EFE