Troca de prisioneiros é resultado de derrota israelense

Em 25 de junho deste ano, militantes de organizações palestinas de resistência à ocupação israelense aprisionaram o soldado Gilad Shalit, durante uma fatídica operação dos ocupantes na Faixa de Gaza, na qual foram mortos 3 militantes palestinos e 2 soldad

No último 26 de novembro, o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, e o seu homólogo palestino Ismail Haniyeh acertaram em uma reunião uma trégua, na qual os palestinos cessariam de disparar seus mísseis Qassan — caseiros e ineficazes — contra posições israelenses enquanto o Estado hebreu aceitaria negociar uma solução para o aprisionamento de seu soldado por membros da resistência islâmica palestina.


 


O resultado da trégua é o recuo da administração israelense, que concordou com a proposta inicial da resistência em trocar prisioneiros. Segundo as primeiras notícias veiculadas na mídia ocidental, Israel cedeu e libertaria 360 prisioneiros. A resistência palestina negou e Israel teve de aceitar aumentar o número de prisioneiros a libertar. Segundo o jornal israelense Haaretz, cerca de mil presos serão trocados pelo soldado Shalit.


 


Quando o soldado foi aprisionado, Israel lançou outra sangrenta operação contra os palestinos da Faixa de Gaza. Além do bloqueio econômico, os palestinos sofreram um cerco e a destruição de quase toda a sua infraestrutura na região. Foram explodidas no primeiro dia de ataques, em 26 de junho, a usina que gerava energia elétrica e o reservatório de água potável da Faixa de Gaza.


 


Mais de 400 palestinos foram assassinados em Gaza desde o início da agressão. Sem contar aqueles que foram mortos indiretamente, por causa da falta de energia e medicamentos no único hospital da região. Já os caseiros mísseis Qassam mataram 4 israelenses nos últimos 3 anos.


 


O bloqueio econômico fez com que Israel deixasse de repassar à Autoridade Nacional Palestina, desde janeiro, cerca de 360 milhões de dólares em impostos sobre produtos que passam por território palestino em direção a Israel. Oitenta por cento da população de Gaza, que tem 1,4 milhão de palestinos, vive hoje com menos de 2 dólares diários. De acordo com estudo publicado pela americana Universidade de Harvard, 830 mil pessoas dependem completamente de alimentos enviados pelos programas de ajuda das Nações Unidas. A educação e o sistema de saúde, segundo a autora do estudo, acadêmica Sara Roy, ''se desintegraram''.



Pouco menos de um mês depois da prisão de Shalit, uma ação do exército israelense no sul do Líbano resultou em um combate com militantes do Hezbolá (Partido de Deus), no qual outros dois soldados agressores foram aprisionados pela resistência libanesa. O Hezbolá desejava trocar os soldados por 10 militantes libaneses presos em Israel. A resposta do primeiro-ministro israelense foi mandar atacar o Líbano por terra, mar e ar.


 


Em 12 de julho, as tropas israelenses atravessaram a fronteira libanesa atacando bases do Hezbolá e alvos civis como estradas, pontes e a uma usina elétrica. O primeiro-ministro Ehud Olmert declarou então que ''são dias difíceis para o país'' e que ''aqueles que desafiam Israel pagarão um preço alto''.


 


Auxiliado por Estados Unidos e Reino Unido, Israel usou o máximo de força para atacar o Líbano. Os EUA evitaram, representados pelo demissionário John Bolton, que a pauta da agressão contra o Líbano fosse colocada em discussão no Conselho de Segurança das Nações Unidas. O Reino Unido forneceu informações de seus espiões aos militares israelenses, além também de fornecerem peças e munições para carros de combate.


 


Durante um mês, a aviação israelense lançou contra os bairros xiitas de Beirute toneladas de bombas, arrasando edifícios em vários quarteirões no sul da capital libanesa. ''São alvos militares, posições dos chefes terroristas do Hezbolá, portanto alvos perfeitamente válidos em uma operação de guerra'', alegou Amir Peretz, o ministro da Defesa israelense, do partido Trabalhista, derrotado na eleição presidencial de janeiro, vencida por Ehud Olmert.


 


Finalmente, depois de 33 dias de massacre e genocídio, de crimes contra os direitos humanos e desmedidas violações do direito internacional perpetrados pelos agressores israelenses com o apoio do imperialismo americano, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a Resolução 1701 determinando o cessar-fogo imediato. Não foi sem constrangimento, porém, que o órgão máximo das Nações Unidas constatou o atraso com que tomou a posição, somente depois que o povo libanês foi massacrado.


Da redação, com informações de agências internacionais e do Cebrapaz (www.cebrapaz.org.br)