Comissão do congresso americano expõe fracasso no Iraque

Relatório divulgado na quarta-feira (7/12) revela que a situação é cada dia mais grave e que o país vive em completo caos.

Diálogo com o Irã e a Síria, alterações na missão das tropas, maior “empenho” do governo instalado do Iraque na reconciliação nacional. Estas são algumas das principais recomendações da Comissão Baker, que na quarta-feira divulgou, em Washington, relatório sobre a atual situação no Iraque sob ponto de vista do Congresso americano.


 


O documento, elaborado por um grupo bipartidário e apresentado ao presidente George W. Bush, traça um retrato sombrio da ocupação no Iraque, que considera estar “à beira do caos”.


 


O relatório da Comissão Baker traça do Iraque a imagem sombria de um atoleiro do qual os Estados Unidos devem sair o mais rápido possível. “A atual estratégia não funciona e a capacidade dos Estados Unidos para influenciar os acontecimentos diminui cada vez mais”, alega o relatório. Entretanto, o documento acrescenta que ainda não se esgotaram todas as opções.


 


Retirada sem calendário


 


O relatório Baker não estabelece um calendário para a retirada de forças militares do Iraque, mas propõe uma alteração gradual da missão das tropas, um maior “empenho” do governo iraquiano e uma “nova diplomacia” na região. Esta “nova diplomacia” deverá procurar criar um grupo de apoio que inclua todos os vizinhos do Iraque, incluindo o Irã e a Síria. Sem isso, nada poderá ser feito para evitar uma catástrofe, induz o relatório.


 


Entre as 79 recomendações feitas no documento, “não existe calendário, não se recomenda a retirada imediata, mas em contrapartida aconselha-se acelerar tanto quanto possível” a formação das forças iraquianas, confirmou o porta-voz da Casa Branca aos jornalistas após a entrega a George W. Bush do relatório do grupo de estudos sobre o Iraque.


 


Medidas de “incentivo”


 


O relatório incentiva a administração Bush a “discutir diretamente com Irã e Síria para tentar que eles desenvolvam políticas construtivas em relação ao Iraque e a outras questões regionais”, declarou Tony Snow. “Ao iniciar estas discussões com a Síria e o Irã, os Estados Unidos devem analisar medidas de incentivo, assim como dissuasivas para tentar chegar a resultados construtivos”, acrescentou.


 


O relatório traça um cenário de caos que poderá levar à queda do governo iraquiano e à intervenção dos países vizinhos, a um desastre humanitário, e ainda a uma vitória militar e propagandística da suposta rede terrorista al-Qaida. “Tudo isto afetaria a posição global dos Estados Unidos e dividiria de forma dramática o povo americano”, alega a comissão.