Em último discurso no Senado, Bornhausen não se arrepende

“Não me despeço, não digo adeus, não me arrependo, não reclamo aplausos, não me exalto”, afirmou o senador por Santa Catarina e presidente do PFL, Jorge Bornhausen, 70 anos, em seu último discurso como parlamentar. Ele não se candidatou nas eleições de ou

“Recebi um mandato popular com tempo certo, e ele está se encerrando”, foi como Bornhausen explicou sua decisão de deixar o Senado, e em seguida a vida pública. Nas eleições de 2002 ele tentou eleger seu filho senador por Santa Catarina, mas foi vencido por Ideli Savvatti (PT).



“Biônico” sob a ditadura



Jorge Bornhausen iniciou-se na política em 1967, ao ser indicado pela ditadura de militar como vice-governador “biônico” (não eleito) de Santa Catarina. Em 1979, tornou-se governador, também “biônico”. Elegeu-se governador pela primeira vez em 1982, pelo PDS, nova sigla adotada pela Arena, partido da ditadura.



Entretanto, o maior destaque do discurso de “não despedida” do senador foi para o único episódio em que sua posição e a do então nascente PFL coincidiram com a das forças populares: a eleição de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral de 1985, que pôs fim à ditadura de 1964. Bornhausen disse que ninca viveu nem viverá “página igual na história brasileira”.



A parte oposicionista do discurso ficou para o fim. O senador não mencionou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nem seu governo, a quem faz ferrenha oposição. Disse, porém, que “nunca renunciei ao espírito crítico, nem aos princípios ideológicos, nem aos compromissos programáticos e partidários, estivesse apoiando governos aliados ou na oposição”.



Silêncio sobre a frase da “raça”



Bornhausen também não se referiu à frase que o tornou mais célebre, quando previu, no auge da crise política de 2005, que “estaremos livres dessa raça pelos próximos 30 anos”. Mencionou porém, obliquamente, o processo que ganhou em primeira instância contra o professor Emir Sader, que polemizou com a afirmação. “Enfrentei sem medo, tentativas covardes dos que pretenderam confundir minha posição de democrata centro reformista com radicalismos que sempre condenei e denunciei. Também não deixei sem resposta altiva os desaforados e grosseiros, processando judicialmente os difamadores”, afirmou.



O sucessor de Jorge Bornhausen na presidência do PFL deve ser o deputado Rodrigo Maia (RJ), filho do prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, que hoje lidera a bancada do partido na Câmara. A liderança possivelmente será assumida por outro descendente de um cacique pefelista, ACM Neto (BA), cujo avô é o legendário governador Antonio Carlos Magalhães. A extração familiar dos emergentes da sigla é vista como sinal de decadência do partido, que teve em outubro o seu pior desempenho, elegendo apenas o governador do Distrito Federal, um pefelista circunstancial.



Da redação, com agências