Antonio Carlos Spis: O papel protagonista da CUT e da CMS

Como o povo brasileiro tão bem demonstrou nas ruas e nas urnas, particularmente durante o segundo turno das eleições presidenciais, há um clamor generalizado para que o processo de transformações iniciado no primeiro mandato ganhe agora maior contundên

Mais do que apoio, o que os movimentos sociais têm a oferecer é um poderoso instrumento de sustentação e mobilização para avançar, com serenidade e firmeza, na construção de um processo de efetiva libertação nacional, deixando para trás a lógica excludente imposta pelos círculos financeiros internacionais, que historicamente têm se locupletado com o parasitismo das imensas potencialidades e riquezas do nosso país e do nosso povo.


 


As inúmeras plenárias e avaliações realizadas recentemente pelos movimentos sindical e social em todo o Brasil apontam uma convergência sobre a necessidade da mudança de rumos na política macroeconômica, rompendo as amarras impostas pelo capital financeiro que, feito bola de neve, cresce sustentado nos juros altos, no elevado superávit primário destinado ao pagamento da dívida interna e no câmbio sobrevalorizado.


 


Sem cortar esse nó, não conseguiremos desatar o desenvolvimento, e elevá-lo ao patamar necessário, superior aos 6%, como bem tem defendido o presidente da República. É nossa compreensão que a prioridade do uso dos recursos públicos deve ser dada para alcançar o crescimento econômico com distribuição de renda, ampliando os investimentos governamentais na geração de empregos, no fortalecimento do poder de compra dos salários, na consolidação de uma ampla e justa reforma agrária, em uma reforma urbana que enfrente a especulação imobiliária, na construção de casas populares de forma massiva e na plena universalização do acesso à saúde e à educação.


 


Para nós da CUT, a negociação política e a mobilização da vontade popular são duas faces inseparáveis da mesma moeda. Assim como são necessárias as alianças partidárias, com cunho programático, para garantir e consolidar a aprovação das medidas populares no Parlamento, temos a convicção, que é imprescindível para o êxito desta empreitada a ação e reflexão militantes dos movimentos sociais. Na reunião realizada com o presidente Lula e a Coordenação dos Movimentos Sociais, quarta-feira (13), expressamos o significado desta unidade, construída a partir da base das forças sociais, para a recente derrota da direita. No nosso entender, é preciso valorizar o espírito dessa comunhão de forças, tão fundamental para que o governo tenha pernas para acelerar na caminhada, braços para gesticular e cabeça para pensar.


 


Temos a convicção de que neste momento ímpar pelo qual passam o Brasil e América Latina, entrelaçando passado, presente e futuro numa comunhão integracionista pela soberania e pela justiça social, às entidades representativas do povo brasileiro caberá um papel protagonista para a conquista da verdadeira e definitiva independência.


 


* Antonio Carlos Spis é membro da executiva nacional da CUT e da Coordenação dos Movimentos Sociais