Lula garante governo melhor aos representantes dos movimentos sociais

“O que foi bom vai ser melhor, o que foi ruim vai ser bom”. A frase dita pelo Presidente Lula durante a reunião desta quarta-feira (13) com representantes dos movimentos sociais responde à principal reivindicação deles. Eles entregaram carta ao Preside

O assunto pautou o encontro – o primeiro do Presidente com os movimentos sociais após a reeleição e que dá continuidade às reuniões que foram feitas ao longo do primeiro mandato. Na reunião, que durou uma hora e meia, falaram, além do presidente Lula, dois ministros – Luiz Marinho, do Trabalho e Luiz Dulci, da Secretaria-Geral da Presidência da República, e cerca de 10 dos 30 líderes sociais presentes.


 


As discussões foram genéricas, contou Tiago Franco, da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES). E incluíram também a ampliação da democracia participativa. Os oradores enfatizaram a necessidade de democratização dos meios de comunicação e o fim da perseguição às rádios comunitárias.


 


Para João Paulo, representante do Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), esse encontro representa o reconhecimento do Presidente Lula da importância dos movimentos sociais num momento decisivo do governo.


 


Ele, como os demais oradores, defenderam a idéia de que o diálogo se transforme em negociações para garantir as conquistas dos movimentos sociais. Gustavo Petta, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), disse que eles manifestaram a disposição de continuar suas agendas de atos e manifestações na defesa de suas bandeiras de luta.


 


O Presidente Lula garantiu que manterá encontros regulares com os movimentos sociais e reuniões setoriais para negociações das demandas de cada uma das categorias – estudantes, trabalhadores, jovens, mulheres, indígenas, movimentos de moradia, trabalhadores rurais etc. Ele admitiu que talvez não chegue no patamar ideal do que seja a participação democrática, mas garantiu que vai ampliar essa participação.


 


No momento em que discute com os partidos políticos a formação do governo de coalizão – também hoje haverá reunião do Conselho Político com essa finalidade -, as entidades sociais alertaram o Presidente de que ele não deve resumir sua força ao parlamento e deve levar em conta o apoio importante dos movimentos sociais.


 


Como um casamento


 


Lula reforçou a idéia de que se repetir o primeiro mandato vai ser ruim e usou uma de suas metáforas para dizer que a repetição do primeiro governo seria igual a um casamento que acabou, mas que o casal permanece unido por conveniência.


 


Para garantir um governo de acordo com as reivindicações dos movimentos sociais, Lula disse que sabe que vai ter que baixar as taxas de juros e permitir o crescimento econômico associado às metas de baixa inflação e valorização do salário mínimo.



O Presidente Lula reafirmou o compromisso com o desenvolvimento, apresentando dados de crescimento do País em dois período distintos – do Governo de Juscelino Kubitschek e do Governo da ditadura militar do Presidente Garrastazul Médici, quando foram registradas taxas de crescimento de 10% ou mais.


 


No entanto, o Presidente Lula destacou que nos dois períodos houve altas taxas de inflação e forte desvalorização do salário mínimo. Em seu favor, Lula citou que, apesar da taxa de crescimento pequena, em seu primeiro mandato, o governo manteve a inflação baixa e valorizou o salário mínimo.


 


Aos interlocutores que pediram a substituição da direção do Banco Central, que “que é conservador e tem resquícios neoliberal”, nas palavras dos oradores, Lula garantiu que vai destravar o País. Ele reclamou da burocracia  e manifestou o desejo de, em seu segundo mandato, imprimir maior velocidade nas medidas que garantam o crescimento do país, mas teve a preocupação de destacar que “não vai passar por cima dos índios” e outras minorias que precisam também ser beneficiadas com o crescimento.


 


Elogios ao Supremo


O presidente Lula elogiou falou sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de derrubar a regra da cláusula de barreira que restringia a atuação dos pequenos partidos políticos.


 


Segundo Luiz Gonzaga da Silva, representante dos movimentos sociais, Lula considerou certa a decisão do STF de acabar com a cláusula de barreira. Outro participante do encontro, Toni Reis, disse que Lula afirmou que ''a regra colocava os deputados em segunda e terceira classes''.


 


O julgamento do STF que derrubou por unanimidade a cláusula de barreira para o funcionamento dos pequenos partidos aconteceu na semana passada.


 


Veja a íntegra da Carta da Coordenação dos Movimentos Sociais entregue ao Presidente Lula.


 


De Brasília
Márcia Xavier