Centrais e governo adiam acordo sobre salário mínimo

Reunidos pela segunda vez neste mês, o governo federal e as centrais sindicais ainda não chegaram a acordo sobre o reajuste do salário mínimo. O encontro desta quinta-feira (14/12) aconteceu no Ministério do Trabalho e durou mais duas horas. Outra reunião

As centrais sindicais pedem que o mínimo seja reajustado dos atuais R$ 350 para R$ 420 – um aumento de 20%. Também reivindicam a correção da tabela do Imposto de Renda (IR) em 7,67%. Do outro lado, porém, o Congresso Nacional defende um mínimo de R$ 375, enquanto o ministro da Fazenda, Guido Mantega, oferece R$ 367.


 


Segundo o ministro Luiz Marinho, do Trabalho, não há nenhuma proposta formal do governo. “O ministro Mantega que venha aqui explicar porque é assim”, declarou. Marinho afirmou que as negociações sobre a correção do salário mínimo geralmente demoram para ser concluídas. Em anos anteriores, lembrou ele, o processo levou mais de um mês.


 


“Vocês acompanharam a negociação passada e sabem que tem várias reuniões para fechar. Neste ano, não é diferente”, disse o ministro aos presidentes da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Artur Henrique, e da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.


 


Números do imbróglio
O ministro da Previdência, Nelson Machado, apresentou aos sindicalistas os dados sobre as contas da Previdência. Dos R$ 42,5 bilhões de déficit previstos para este ano, R$ 18 bilhões são referentes a renúncias – dadas a microempresas, entidades filantrópicas, clubes de futebol e produção rural destinada à exportação.


 


De acordo com o ministro, a cada R$ 1 de reajuste no mínimo, o governo tem um gasto entre R$ 190 milhões a R$ 200 milhões ao ano. Para Machado, a sociedade civil tem de pensar em qual modelo de Previdência quer deixar para as futuras gerações. “Todo mundo sabe que, no longo prazo, todas as sociedades refazem seu contrato social. Ontem o presidente Lula sinalizou que vai abrir um debate para o futuro”, afirmou.


 


Para Artur Henrique, é até possível que as centrais sindicais aceitem um valor de correção para o salário mínimo abaixo de R$ 420 em 2007. Mas somente – diz Artur – se for no bojo de uma proposta de longo prazo. “Se tiver 10% de aumento real nos próximos dez anos, não precisa ter R$ 420 agora”.


 


Centrais firmes
O presidente cutista reiterou a necessidade de uma política específica para o salário mínimo. “Se não tivermos uma política de valorização permanente, a nossa proposta ficará em R$ 420. Os 7,7% do IR também fazem parte do processo de negociação”, ressaltou Artur.


 


Segundo Paulinho, da Força Sindical, o piso das negociações é o valor de R$ 375 – e não de R$ 367, como propôs inicialmente o governo federal. “O ministro (Marinho) não falou número nenhum. O único número que existe é o do Congresso Nacional. Provavelmente não será os R$ 420 nem os R$ 375. Acreditamos que eles vão apresentar uma nova proposta.”