Presidente sírio diz que país pode viver em paz com Israel

“O fato é que nós (Síria) vivemos nesta região, a conhecemos bem. A história nos ensinou que confiar só no poder das armas não leva a nada”, afirmou Assad, que se disse disposto a colaborar em relação ao Iraque.

O presidente sírio negou que Israel seja o eterno inimigo: “Tenho dito e o repito: Síria e Israel podem viver juntos em paz e harmonia”.

O primeiro-ministro israelense, em recente entrevista ao jornal, mostrou-se contrário a abrir negociações com a Síria, ao que Assad respondeu: “Agora eu digo a Olmert: faça uma tentativa. Descubra se estamos blefando”.

Em relação ao Iraque, o presidente sírio disse estar disposto a colaborar construtivamente. “Porque se as questões regionais — Iraque, Líbano, o conflito entre palestinos e israelenses — não forem resolvidas, seremos nós, os países fronteiriços, os que pagaremos o preço mais alto”, afirmou.

Assad disse que os interesses da Síria podem coincidir com os dos Estados Unidos, “se a América quiser”. “Se falam a sério em preservar a unidade do Iraque, se realmente pensam na paz, então temos o mesmo objetivo. Mas duvido que a perspectiva de Washington coincida com a nossa”.

O presidente sírio considera que Washington necessita da ajuda de Damasco para formular um plano. “Porque, se perguntar a eles que projeto têm para o Iraque, vai se dar conta de que não têm nenhum”, disse.

Questionado sobre se seu país pode intervir para a estabilização do Iraque, Assad disse que pode apoiar uma conferência nacional entra as diferentes facções com o apoio dos parceiros internacionais, mas lembrou que “não se deve perder de vista o quadro total, o vínculo entre as diversas crises regionais”.

Assad acrescentou também que o Irã é um país importante. “América e Europa devem falar com Teerã, e nós temos boas relações com eles para a estabilidade da região. Começando pelo Iraque”, disse.

Quanto à Europa, o presidente sírio disse que o continente deveria ser uma ponte com os EUA. “Deveria usar melhor seu passado, a história de sua civilização. Não ser limitado pelo papel de Washington”, afirmou.

“Por isso e também por suas divisões, não se pode falar da Europa como tal, mas só do papel de alguns protagonistas, como a Itália e a Espanha”, acrescentou.