Primeiro governo Lula chega ao final com avaliação positiva de 76%
Às vésperas da conclusão do primeiro mandato, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é avaliado positivamente por 76% do eleitorado, segundo pesquisa feita pela Fundação Perseu Abramo nos dias 27 e 28 de novembro e divulgada neste sábado (16
Publicado 16/12/2006 19:53
A pesquisa, de responsabilidade do Núcleo de Opinião Pública da Fundação, mostra que 55% dos entrevistados acham o governo bom ou ótimo, contra apenas 11% que o consideram ruim ou péssimo. Para 32%, a administração federal é regular. Destes, 21% dizem que é “regular para boa”, daí o total índice positivo de 76%.
O trabalho também indicou um aumento da simpatia do eleitorado pelo PT, que foi a 29% e aproximou-se dos níveis do final de 2002, quando o índice atingiu 32%.
Percepções sobre a reforma política
Tais avaliações constam dos dados preliminares do levantamento, destinado, na verdade, a medir a percepção dos eleitores sobre a reforma política – tema do seminário realizado pela mesma fundação entre ontem e hoje.
Foram ouvidas 2.400 pessoas acima de 16 anos em todas as regiões do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Uma das principais constatações do trabalho, segundo o coordenador Gustavo Venturi, foi de que a discussão sobre a reforma política e todas as demais – embora amplamente apontadas como fundamentais por muitos setores da sociedade – ainda não entrou no cotidiano da população.
Nas respostas espontâneas à pergunta sobre qual deve ser a reforma prioritária ao país, a política aparece na última colocação, ao lado de “Saúde” e Previdência, todas com apenas 4%. A principal reforma lembrada pelos entrevistados, espontaneamente, foi a Agrária, mas também com baixo nível de citação: 7%.
No questionário estimulado, a reforma política fica na quarta colocação, sendo apontada por somente 17% como prioridade máxima. Apesar disso, a mudança nas regras que envolvem partidos, eleições etc. é considera “muito importante” para 73% das pessoas – e só 4% acham que ela não tem qualquer importância.
Em relação aos pontos específicos da reforma, o de maior aceitação é que se refere à fidelidade partidária. A troca de partido deve ser punida com a cassação do mandato, para 38% dos entrevistados. Outros 38% acham que o parlamentar deve manter-se fiel por até 2 anos. E 23% concordam que se mantenha a “liberdade” para o troca-troca e legendas.
Quanto à reeleição de presidente, governadores e prefeitos, 52% acham que deve ficar como está (mandato de 4 anos, com reeleição). Outros 25% preferem o mandato de 4 anos, sem reeleição; enquanto, para 15%, a possibilidade de reeleição deve ser extinta, desde que os mandatos sejam ampliados para 5 ou 6 anos.
A partir daí, a pesquisa apresenta algumas “surpresas”, principalmente para os que defendem mudanças mais profundas. A maioria dos eleitores (55%), por exemplo, defende o financiamento privado das campanhas, contra 32% que optam pelo financiamento público.
Da mesma maneira, 63% querem que o sistema de votação para os parlamentos permaneça como está, ou seja, com voto diretamente no candidato (ou em lista aberta). Somente 5% são favoráveis à lista fechada (vota-se no partido e este decide, a partir de uma relação prévia, quem irá ocupar as cadeiras), enquanto outros 14% defende, um sistema misto.
A pesquisa também traz um resultado inusitado em relação ao número de partidos que o Brasil deveria ter. Embora 75% defendam a pluralidade, para 12% dos eleitores, o país estaria melhor se tivesse apenas um partido, enquanto outros 10% vão mais longe ainda e acha que o ideal seria não haver partidos.
Venturi, no entanto, não considera este dado como um traço de autoritarismo. Para ele, a maioria das pessoas que dá este tipo de resposta o faz por desinformação e devido a uma certa “ingenuidade” quanto à complexidade das relações políticas.
João Paulo Soares, do Portal do PT