José Reinaldo: “execução de Saddam foi um ato abjeto”

Confira abaixo a íntegra da nota:

“O enforcamento do presidente iraquiano Saddam Hussein é um ato abjeto que causa repulsa da consciência democrática mundial. Saddam Hussein foi executado em decorrência de uma sentença ilegal proferida por um tribunal ilegal e manipulado pelas forças invasoras que ocupam o Iraque desde março de 2003. O tribunal que julgou e sentenciou Saddam Hussein não atuou ao agasalho da lei, mas sob o guante de ferro das  autoridades  de ocupação. É necessário lembrar que o tribunal foi uma farsa, o julgamento transcorreu sob censura, as testemunhas foram coagidas e  três advogados de defesa foram assassinados.

O enforcamento do presidente iraquiano configura-se dessa maneira como um grave ato de injustiça, ainda mais que é um ato político levado a efeito sob cálculo, a serviço do verdadeiro criminoso-mor de guerra da atualidade, do violador-mor da legalidade internacional, daquele que marca sua passagem pela Casa Branca como uma inaudita  seqüência  de  crimes de lesa-humanidade  – o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush.

É ledo engano dos chefões da Casa Branca e do Pentágono supor que poderão, com o assassinato de um líder, aplacar o ódio de vastos setores do povo iraquiano que se alçaram em armas contra a ocupação de seu país.  O enforcamento de Saddam Hussein perpetrado no apagar das luzes de 2006 é mais um elo na cadeia de acontecimentos violentos que tendem a se exacerbar no Oriente Médio durante o ano de 2007. Os conflitos ali em curso não terão  um encaminhamento nem um desfecho corretos, consoante os anseios de paz, soberania  e justiça dos povos enquanto prevalecer a política intervencionista e belicista do imperialismo estadunidense”.

30 de dezembro de 2006

José Reinaldo Carvalho,
secretário de Relações Internacionais do Partido Comunista do Brasil