Bolívia: Partido de Evo flexibiliza posição na Constituinte

O partido do presidente da Bolívia, Evo Morales, garantiu nesta quinta-feira (11/1) ter flexibilizado sua posição em relação à Assembléia Constituinte e que aceitava a fórmula de aprovação da nova Constituição por dois terços dos votos.

A condição imposta é de que o texto seja aprovado até 2 de julho. Se isso não acontecer, os socialistas voltarão a exigir o critério da maioria absoluta.



O vice-presidente do país, Álvaro García Linera, que exerce interinamente a Presidência, enquanto Evo se encontra na Nicarágua para a posse do sandinista Daniel Ortega, declarou que a proposta foi aprovada no fim de semana, numa reunião do Movimento Ao Socialismo (MAS).



O MAS “aceita os dois terços para a aprovação dos artigos em questão, mas precisa de uma cláusula que garanta que não haverá bloqueio por parte de opositores intransigentes”, disse García Linera.



“Caso até 2 de julho, pela burrice de parte da oposição, não haja consenso em torno de alguns pontos, os artigos que não tenham sido aprovados terão que passar por maioria absoluta”, ressaltou, ao sair do Palácio de Governo, em La Paz.



A proposta foi recebida com ceticismo e cautela pelos principais partidos opositores, a aliança conservadora Poder Democrático e Social (Podemos) e a centrista União Nacional (UN). A oposição reivindica a fórmula de dois terços (170 de 255 votos) em vez da maioria absoluta (128 votos), postulada originalmente pelo MAS.



O partido governista, que controla 137 cadeiras na Assembléia, considera a nova fórmula mista, porque combina os dois terços com a maioria absoluta.



O vice-presidente espera chegar a um consenso com a oposição em todos os artigos que serão aprovados nas próximas semanas, porque a Assembléia pretende trabalhar inclusive aos sábados e domingos.



“Esta é uma proposta sensata e muito flexível”, insistiu o vice-presidente, que atribuiu à oposição uma atitude “extremamente intransigente, ideológica e fundamentalista”.



Opositores
O constituinte Rubén Darío Cuéllar, líder da bancada da Podemos na Assembléia, disse a uma emissora de rádio local que a proposta não era novidade e que já foi rejeitada antes, pois impõe um prazo para obter os acordos.



Já o líder da União Nacional (UN), Samuel Doria Medina, afirmou que esperava ver a redação do novo artigo sobre a fórmula de voto no regulamento da Assembléia terminada para se pronunciar sobre o assunto. Mas considerou positiva a flexibilidade mencionada por García Linera.



A Assembléia Constituinte já gastou cinco meses do prazo de 12 estabelecido para redigir a nova Constituição num conflito entre governistas e a oposição sobre o regimento. Mesmo assim, García Linera disse confiar que no dia 6 de agosto haverá uma nova Constituição no país.



Da redação, com agências