Meta da Índia é dobrar sua presença na indústria de cinema

A Índia anunciou planos ambiciosos no sentido de dobrar a sua participação na indústria cinematográfica global até o final deste ano, o que é um sinal da determinação do país de se firmar como uma potência não só econômica, mas também cultural.

O governo, que pretende usar Bollywood para a construção de uma “potência suave” indiana, acredita que a indústria cinematográfica da Índia seja capaz de conquistar 5% do mercado mundial neste ano, em relação ao nível presente que, segundo as autoridades do país, é de cerca de 2%.



P.R. Dasmunsi, ministro da Informação e da Teledifusão, disse que o governo ajudaria a incrementar a “visibilidade e a aceitabilidade” globais de Bollywood por meio da reformulação dos cursos de redação de roteiros oferecidos por dois institutos de treinamento cinematográfico financiados com verbas públicas.



É indiscutível que a capacidade da Índia de influenciar os outros países por meio da sua cultura e de suas idéias cresce mais rapidamente do que a da China, a sua rival política e econômica, um país no qual o Partido Comunista tolhe as liberdades criativas, censura os debates online e limita as influências externas.



Potencial a ser explorado
Os filmes indianos feitos com pequenos orçamentos apresentam tradicionalmente um potencial de exportação limitado, tendo sucesso predominantemente entre as comunidades que fazem parte da diáspora do sul da Ásia, mas produções maiores e de melhor qualidade encontram cada vez mais sucesso comercial e de crítica no exterior.



A PwC, a firma de serviços profissionais, previu no ano passado que a indústria cinematográfica indiana deverá sofrer uma expansão de 18% ao ano, o que fará com que o valor da atividade passe dos atuais US$ 1,5 bilhão para US$ 3,4 bilhões até 2010.



O grosso desse crescimento previsto da arrecadação virá de um mercado doméstico que está sendo transformado pela multiplicação dos multiplexes e dos novos shopping centers, bem como pela emergência de uma classe média que tem entre 180 milhões e 300 milhões de indivíduos. Com apenas 12 telas por milhão de habitantes, contra 112 nos Estados Unidos, a penetração do cinema na Índia está entre as menores do mundo. Mas esta situação está mudando com o desenvolvimento de um setor varejista organizado baseado nos shopping centers de estilo ocidental.



Metas plausíveis
Os especialistas do setor esperam que o número de telas na Índia aumente nos próximos cinco anos para 40 mil, e que o preço médio da entrada suba para US$ 2, em relação ao valor atual, que é de menos de US$ 1, à medida que os multiplexes digitalizados e dotados de ar-condicionado se espalhem pelo país.



Calcula-se que o número de telas digitais quintuplicou no ano passado, chegando a mil. Os analistas prevêem que os multiplexes ficarão mais lotados e cobrarão preços maiores em relação aos cinemas antigos e de tela única, nos quais são reproduzidas películas de celulóide de baixa qualidade.



Kishore Lulla, diretor-executivo da Eros International – uma companhia que atua na Grã-Bretanha e que lança cerca de 30 filmes de Bollywood na Índia e no resto do mundo a cada ano – diz que a meta do governo é atingível.



“A Índia está presenciando um crescimento de quase 100% no setor, algo que nunca se viu”, diz Lulla, enquanto fala dos seus planos para o lançamento de “Salaam-e-Ishq” (Saudação ao Amor), um projeto que conta com artistas famosos, com mil cópias em todo o mundo, sendo que 70% serão exibidas na Índia. “Isso é um recorde”.



Segundo a pesquisa da PwC, a indústria de mídia e entretenimento indiana crescerá a uma índice anual de 19%, mais do que o dobro do índice atual de crescimento do produto interno bruto, chegando a US$ 18,6 bilhões até 2010, em relação aos US$ 7,8 bilhões registrados em 2005. A PwC diz que esse crescimento seria fruto da rápida expansão da penetração da mídia.



Fonte: Financial Times