Sindicato critica modo de gestão das obras do metrô de SP

O Sindicato dos Metroviários de São Paulo emitiu uma nota nesta segunda-feira (15/1), na qual lamenta o acidente ocorrido nas obras da Linha 4-Amarela do metrô da capital paulista.

No texto, os Metroviários lembram que a categoria vem há tempos criticando o modelo de gestão da obra, intimamente ligado à opção pela privatização de importantes serviços públicos em todo o estado de São Paulo.



Confira abaixo a íntegra do texto:



Descaso e mortes



O Sindicato dos Metroviários de São Paulo, filiado à Central Única dos Trabalhadores (CUT), mais uma vez vem a público manifestar seu pesar por mais um acidente grave nas obras da linha 4 do Metrô.



O que mais surpreende nesta ocorrência é a magnitude do acidente. Talvez um dos mais graves registrados na engenharia brasileira. Anos de trabalho dos técnicos e demais trabalhadores foram anulados em poucos minutos pelo monstruoso desmoronamento, nunca assistido pela população paulista, provocando um atraso sem precedente na entrega desta importante obra para o transporte público da população paulista.



Os metroviários de São Paulo vem ao longo dos últimos anos denunciando o processo de esvaziamento do papel estratégico das áreas e dos profissionais que desde a criação do Metrô em 1968, foram responsáveis pela excelente gestão das obras e da construção do metrô paulista. Infelizmente, o governo do Estado e a direção do Metrô, passaram a privilegiar os processos de concessão e terceirização, provocando o desmonte das gerências de Projeto Civil, Construção Civil e Montagem, que sempre acompanharam, gerenciaram e fiscalizaram as obras. Uma ''nova concepção'' passou a considerar ''onerosa'' a manutenção destas áreas e conceberam este modelo de gestão que transfere para o consórcio vencedor da concorrência toda a responsabilidade pela execução da obra, sem nenhum controle ou gestão das áreas técnicas da Cia. do Metrô.



Cabe ressaltar que este modelo de gerenciamento da obra está intimamente ligado à adoção do modelo de privatização dos serviços públicos, que entrega à iniciativa privada a concepção, construção e operação do transporte metroviário.



Infelizmente este é o 11º acidente grave que ocorre nas obras da linha 4 – Amarela, que foi precedido por outros que estão sendo analisados pela Comissão de Serviços e Obras Públicas da Assembléia Legislativa de São Paulo, até porque já provocaram a morte de um trabalhador da empreiteira no dia 04 de outubro de 2005.



Abaixo relatamos, de acordo com levantamento feitos pelos órgãos de imprensa e pelo nosso departamento, os principais acidentes ocorridos desde março de 2005.



16/03/05: Três operários ficaram feridos após explosão no canteiro de obras da estação Butantã, provocada pela detonação de uma espoleta para implosão de rochas.



21/11/05: Um vazamento de gás paralisa as obras da estação Fradique Coutinho. O problema foi causado por uma escavadeira que danificou a tubulação da Companhia de Gás do Estado de São Paulo (Comgás).



02/12/05: Um funcionário que trabalhava na estação Vila Sônia foi atingido por uma barra de ferro e caiu em um poço de cerca de 27 metros. A vítima quebrou uma perna.



03/12/05: Uma casa afundou e a edícula de outra desabou por causa de uma infiltração de água nas escavações do Metrô entre as estações Faria Lima e Pinheiros. Outras três residências foram interditadas por medida de segurança.



06/12/05: A parede de uma loja na avenida Cásper Líbero, próximo a estação Luz caiu durante a demolição de um prédio vizinho, que dará lugar a estação Luz.



15/01/06: Cabos telefônicos foram atingidos quando técnicos que trabalhavam nas obras do Metrô faziam a medição do nível de água no subsolo próximo a estação Oscar Freire. Cerca de quatro mil casas ficaram sem telefone por três dias.



19/04/06: Uma fissura encontrada na parede de um túnel do Metrô provocou a interdição de oito casas na rua João Elias Saad, próximo a futura estação Oscar Freire.



03/05/06: Um corsa quase caiu em um buraco de aproximadamente 35 metros de profundidade aberto no canteiro de obras do Metrô próximo a estação Oscar Freire, depois de ser atingido por uma picape.



27/06/06: Um operário que trabalhava na obra da estação Fradique Coutinho foi atingido por um deslizamento de terra. Ele ficou parcialmente soterrado e foi levado ao Hospital das Clínicas com ferimentos leves.



04/10/06: O operário José Alves de Souza morreu soterrado depois de um desmoronamento em um túnel de 25 metros de profundidade na estação Oscar Freire. Outro operário sofreu escoriações e foi levado ao Hospital das Clínicas.