AfroReggae promete grife “favela chique” assinada por Sommer

O AfroReggae – que reúne diversas atividades culturais e sociais em comunidades do Rio de Janeiro – vai diversificar ainda mais seus projetos este ano, com o lançamento de uma grife de roupas que terá como estilista o badalado criador paulista Marcelo Som

A parceria começou há um ano, quando o estilista criou o figurino da banda AfroReggae para o show de abertura dos Rolling Stones, na praia de Copacabana. Além da banda de hip hop, o AfroReggae inclui outros grupos de música, teatro e dança.


 


“O Sommer vai ter autonomia total – a gente só vai dar a nossa essência,” disse o coordenador-executivo do AfroReggae, José Junior. “Eu classificaria essa grife como um lance assim de favela chique, num se sentir bem, que pode ser também um blazer com chinelo.”


 


Público amplo
De acordo com Junior, a grife não terá loja própria e será distribuída em multimarcas. Ele espera que o consumidor final sejam os jovens em geral – negros ou brancos, classe baixa, média ou alta. “Hoje o AfroReggae é quase sinônimo de favela, mas o nosso público é muito variado, de todas as classes,” declarou.


 


“Se você me perguntasse quatro anos atrás, eu iria dizer (que nosso público) é jovem, negro, suburbano, classe baixa. Hoje, não. Hoje eu digo só jovem.” O lançamento do projeto será feito no Fashion Rio, na quarta-feira, com apresentação de alguns materiais de pesquisas, como fotos da comunidade tiradas por um fotógrafo ligado ao mundo da moda.


 


Segundo Sommer, a pesquisa vem sendo feita “de dentro para fora”, na observação do cotidiano das pessoas da comunidade, nas pichações, grafites das ruas e nas apresentações dos grupos do Afroreaggae. “Vai ser uma roupa que poderia vir de qualquer lugar, mas com elementos do AfroReggae, mas alinhada com tendências internacionais. E poderá ser consumida no Brasil inteiro e no exterior.”


 


Preço de Renner ou de Cavalera?
A primeira coleção deve ficar pronta em seis meses e ser exibida na próxima edição da temporada de moda carioca. O desfile ainda é mistério: não foi decidido ainda se vão levar os fashionistas para a favela, ou vice-versa. Junior afirmou que não quer que as pessoas comprem AfroReggae por caridade, uma vez que parte da renda será revertida para as atividades culturais do grupo.


 


“Quero que as pessoas comprem porque acharam bonito, gostaram do estilo, e não porque isso vai me ajudar a construir um hospital,” disse. Mas, qual será o preço de uma calça jeans, por exemplo, peça básica em qualquer coleção de street wear? “Esta é uma discussão que existe – a gente até brinca com isso: 'vai ser preço de Renner ou de Cavalera?'.”


 


Na Renner – antiga rede de lojas de departamento -, uma calça masculina pode varia de R$ 40 a R$ 70, enquanto na Cavalera, grife que desfila no São Paulo Fashion Week (SPFW), a peça vai de R$ 200 a R$ 300. “Não temos ainda um martelo batido, mas não vai dar para ser preço Cavalera.”


 


Diversidade
O projeto – que conta com a participação do empresário Andre Skaff e de Gringo Cárdia – terá os mais variados produtos, como agasalhos esportivos, calças largas, camisetas, boinas, vestidos, acessórios, alguma alfaiataria e talvez até uma linha de tênis.


 


Não é a primeira vez que Sommer trabalha com comunidades do tipo. No começo da década, fez dois desfiles no SPFW com trabalhos da cooperativa Coopa Roca, da Rocinha, no Rio. Em 1999, realizou um desfile dentro do extinto presídio do Carandiru.


 


A marca que levava seu sobrenome, Sommer, foi vendida para a AMC Têxtil em 2004, e o estilista deixou o grupo ano passado. A grife passou então a desfilar pelo Fashion Rio. O estilista lançará sua nova grife própria, chamada Do Estilista, no SPFW, no desfile que fecha o evento dia 29 na capital paulista.