UNE pode recuperar sede destruída pelo regime militar

A Prefeitura do Rio de Janeiro interditou o terreno na Praia do Flamengo, 132, onde funcionou a sede da UNE do período pós-segunda guerra mundial até 1964 – quando foi destruída pelo regime militar. A notícia chegou na terça-feira (16/01) à entidade, que

Para o presidente da UNE, Gustavo Petta, o objetivo é construir no espaço a nova sede da entidade, junto a um centro cultural – que também abrigará o museu permanente sobre a história do movimento estudantil. Todo o acervo de documentos, fotos e vídeos já está sendo organizado e catalogado pelo Projeto Memória do Movimento Estudantil.


 


O projeto do prédio foi elaborado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, que doou à UNE o croqui da construção – com 13 andares, uma concha acústica e um monumento homenageando os estudantes que tombaram lutando contra a ditadura militar. Após a truculenta ação militar, a sede foi invadida na década de 1980. Um estacionamento ilegal funcionava no terreno.


 


“A interdição foi um avanço para que a UNE possa retomar a construção de sua histórica sede, destruída pelo regime militar. Agora, vamos pressionar para que o dono do estacionamento finalmente respeite a lei e deixe o terreno”, reforçou Petta. “É um sonho antigo nosso, do Niemeyer e de toda a juventude. “,.


 


Um prédio histórico
Em 1940, a UNE defendeu o fim da ditadura do Estado Novo e tomou posição contra o nazi-fascismo, defendendo a ruptura do Brasil com os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Dando continuidade à campanha contra essas potências, os estudantes tomam o prédio onde funcionava o Clube Germânia, na Praia do Flamengo, que passa a ser a sede da UNE.


 


Por lá, passaram figuras importantes da política mundial, como o líder cubano Fidel Castro. O local continuou sendo sede da UNE até 1964, quando o regime militar o invadiu e queimou. Depois, os estudantes ainda tentaram retomar o terreno, mas a ditadura acabou mandando demolir os destroços restantes.


 


Durante a década de 1980, num impasse sobre a retomada da posse, o dono do atual estacionamento que existe hoje acabou se instalando ilegalmente no terreno. Até que, na gestão do presidente Itamar Franco, houve a reintegração da propriedade do terreno para a UNE – mas não a posse.


 


Depois de tomada a medida, os estudantes comemoram com o presidente no clássico chopinho no bar Lamas. Mas o impasse continuou e, até hoje, o proprietário do estacionamento se mantém locado por meio de liminares que garantem a sua permanência.