Indígenas aguardam do governo solução para disputa de terra com Aracruz
O grupo de 50 índios das tribos Tupinikim e Guarani, que esteve em Brasília, esta semana, voltou ao município de Aracruz, no Espírito Santo. Eles pretendem retornar a Brasília quando houver reunião agendada com o governo. A Comissão de Direitos Humanos
Publicado 19/01/2007 15:07
Os índios querem uma solução para a disputa de posse de terra que travam com a empresa Aracruz Celulose. A empresa possui, sozinha, 406 mil hectares de terra no estado do Espírito Santo, dos quais 263 mil são ocupados por plantações de eucaliptos, segundo dados do site da empresa.
Os 11 mil hectares que são o motivo da disputa entre Aracruz e Guarani representam 4,18% das terras da empresa. Em relação ao total de terras que a Aracurz possui no Estado, a porcentagem cai para 2,7%.
Para as cerca de 2500 pessoas dos povos Tupinikim e Guarani, os 11 mil hectares representam um aumento de 122% de seu território.
“Nossa avaliação é que, aqui no ministério, mais uma vez o governo está enrolando a gente. O processo já está no ministério da Justiça, não tem mais nada a fazer a não ser tomar uma decisão”, afirma Paulo Tupiniquim, liderança do povo que participou das atividades em Brasília.
“A Teresinha [consultora jurídica do ministério, que conversou com o grupo] disse pra gente que o ministro não assinou por causa de nossas ações. Não fomos nós que quebramos acordo, foi o governo, porque não cumpriu os prazos estabelecidos”, completou.
A Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados está intermediando a negociação. O presidente da Comissão, deputado Luiz Eduardo Greenalgh (PT-SP) se comprometeu a enviar um ofício ao Ministério da Justiça, pedindo que acelere a solução da situação, recordando o compromisso de homologação da terra assumido pelo governo, por meio do ministro Márcio Thomaz Bastos, em fevereiro de 2006, durante reunião na Assembléia Legislativa do Espírito Santo.
“Vocês têm a solidariedade da presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara”, afirmou Greenhalgh, após ouvir as lideranças indígenas sobre a situação do processo de demarcação das terras dos Tupinikim e Guarani.
O cacique Vilson Tupinikim relatou também as situações de preconceito pelas quais a comunidade passa: além da campanha que foi organizada pela empresa, a multinacional tem conseguido convencer empregados e fornecedores a serem contrários à demarcação da terra indígena. “Jovens Tupinikim e Guarani têm passado por situações de discriminações até nas escolas que freqüentam”, disse.
Fonte: Conselho Indigenista Missionário (Cimi)